Greve de professores que ocorrem em diversos estados brasileiros, costumam seguir no Brasil um triste roteiro. Sem força para mobilizar a categoria, sindicatos têm de apelar para ações mais radicais. Enquanto isso a vida segue nas escolas, com parte dos professores em greve, outra trabalhando, e os alunos sabendo que a reposição de aulas, ao final, será para inglês ver.
Sem entrar no mérito da viabilidade, a reivindicação salarial é justa. No Brasil, em geral, um professor que concluiu a universidade e dá aula no ensino fundamental tem salário que corresponde apenas à metade dos rendimentos médios de todos os trabalhadores com formação superior. Já foi pior. Em 1995, a proporção era de só um terço.
No debate sobre salários, dois grupos se enfrentam: os que defendem reajustes iguais para todos e aqueles que querem remuneração por mérito, vinculando ao menos parte do pagamento ao desempenho do docente.
Curioso é notar que políticas tão opostas têm resultados semelhantes. Já se sabia, a partir de vários estudos, que salário não tem relação imediata com desempenho do aluno. Agora, surgem evidências de que a bonificação por mérito tem efeito. Foi esta a conclusão de um relatório publicado há pouco pela Associação de Escritores em Educação dos EUA, após revisão de estudos publicados naquele país.
Mas tais estudos captam apenas efeitos imediatos. No longo prazo, a perdade prestígio deixa a carreira pouco atrativa para que os talentos que poderiam estar em sala de aula, mas optam por outras profissões.
É por isso que são fundamentais políticas de Estado como o Plano Nacional de Educação. Sem metas e exigências mínimas de investimento no setor, é sempre tentador para o político colocar trens-balas e afins à frente da educação.
Referência:
GOIS, Antônio. Quanto vale um professor? Folha de S. Paulo. São Paulo, 17 de julho de 2011.
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