Duas notícias recentes chamaram a atenção para um fato que não deve ser subestimado pelos empresários gráficos: é grande o potencial de crescimento do segmento editorial nacional, o que tem tornado o nosso mercado objeto de interesse de grandes grupos estrangeiros. A notícia mais recente a apontar essa tendência veio ao público no começo de dezembro, quando a editora britânica Penguin anunciou a compra de 45% das ações da Companhia de Letras. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente executivo da Penguin, JhonMakinson, deu uma pista do que motivou o investimento estimado de R$ 50 milhões: “A transação ajudará a Penguin a entender o comportamento de um mercado em crescimento como o Brasil, em que os livros em papel ainda são muito fortes”.
Análise semelhante foi feita por integrantes do mercado de jornais presentes no Seminário Internacional de Jornais, realizado em São Paulo. Segundo o presidente das tecnologias digitais, o jornal impresso reinará soberano no Brasil por mais, pelo menos, 50 anos. O raciocínio do dirigente da Inma é semelhante ao do executivo da Penguin: o consumo de produtos editoriais impressos cresce em países com classe média em expansão e elevadas taxas de analfabetismo, ao mesmo tempo em que os tablets, vendidos nesses mercados a um preço médio de US$ 800, não representam, neste momento, um concorrente de fato para uma indústria gráfica.
É exatamente por conhecer tão de perto o impacto dos investimentos em educação sobre a atividade econômica que a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) tem defendido, no âmbito do Plano Nacional de Educação (PNE), a aplicação de 10% de todo o PIB em educação. Acreditamos que a impressa é – e será por muito tempo – o melhor canal para a transmissão do conhecimento necessário para a tão desejada elevação do padrão educacional dos brasileiros. E sem uma educação de qualidade, todos saem perdendo.
Referência:
MORTARA, Fábio Arruda. Sobre jornais e livros. Diário Catarinense. Florianópolis, 18 de fevereiro de 2012.
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