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Entrevista

Vamos falar de história?

No dia 13 de maio celebra-se o Dia da Abolição da Escravatura, uma data importante para a história do Brasil. E para falar um pouco sobre esse tema, o Jornal Correio dos Lagos conversou com o professor Antonio Ronaldo Sutil que é Licenciado em Pedagogia e História e Bacharel em História, Especialista em Práticas de Ensino de História e Geografia e Educação Especial. Atua como professor há 16 anos. Atualmente trabalha na Prefeitura de Pinhal da Serra como professor nos anos finais com as disciplinas de Geografia e Agricultura e nos anos iniciais como pedagogo com a turma do 5º ano. No Ensino Superior atua como coordenador do Polo da Unifacvest em Anita Garibaldi.     

Correio dos Lagos - O que foi a Abolição da Escravatura?

Antonio Ronaldo Sutil - A abolição da escravatura foi um dos acontecimentos mais importantes da história do Brasil que determinou o fim da escravização dos negros no Brasil. A abolição do trabalho escravo ocorreu por meio da Lei Áurea, aprovada no dia 13 de maio de 1888 com a assinatura da Princesa Isabel.

Correio dos Lagos - Como viviam os escravos antes da abolição? 

Antonio Ronaldo - O trabalho dos africanos e dos indígenas era concentrado na economia açucareira, era duríssimo e pautado na violência. A jornada de trabalho poderia estender-se por mais de 16 horas de trabalho diário, o trabalho nos engenhos era exaustivo e muito perigoso. Nas moendas era comum que os escravos perdessem suas mãos ou braços, e nas fornalhas e caldeiras eram comuns as queimaduras. Nessa última etapa, o trabalho era tão pesado que os escravos utilizados nela, geralmente, eram os mais rebeldes. Ao fim do dia, os escravos eram reunidos na senzala e lá eram monitorados para que não fugissem. Eles tinham uma alimentação muito pobre e insuficiente. Por fim, a vida dos escravos no Brasil foi muito dura, marcada por muito sofrimento.

Correio dos Lagos - Qual a importância dessa data? 

Antonio Ronaldo - Foi muito importante para todos a abolição, porém vale ressaltar que não é uma data muito comemorada, pois só aconteceu devido a muita pressão e derramamento de sangue por parte dos negros e não foi pensado por parte do governo como ficariam os negros após a abolição, onde muitos tiveram que continuar trabalhando para seus senhores para poder sobreviver.

Correio dos Lagos - Como aconteceu a abolição da escravatura no Brasil?

Antonio Ronaldo - O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, fato vergonhoso para nosso país e isso aconteceu por meio da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. O fim da escravidão no país, no entanto, não foi um ato de benevolência da monarquia, mas sim resultado da pressão e do engajamento da população brasileira. A força da pressão popular, por meio do movimento abolicionista, e as constantes revoltas dos escravos criaram o clima que obrigou o Império a abolir o trabalho escravo em 13 de maio de 1888. A abolição do trabalho escravo foi recebida com festa pela população brasileira. Os escravos libertos, porém, continuaram a sofrer com o preconceito e com a falta de oportunidades.

Correio dos Lagos - Como ficou a vida dos escravos após a abolição da escravatura? 

Antonio Ronaldo - A reação dos libertos com a Lei Áurea foi positiva e comemorada. Porém quando passou a euforia, a nova situação levou os libertos a procurarem melhores alternativas para viver, muitos escravos acabaram abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e mudaram-se para outras ou então foram para as cidades. As migrações, na maioria dos casos, eram uma ação mais realizada pelos homens jovens, por terem melhores possibilidades de estabelecerem-se em uma terra para cultivá-la. As mulheres que possuíam filhos e os idosos tinham menos possibilidades de migrar à procura de melhores condições. A vida ficou um pouco melhor, menos sofrida, porem sem muitas alternativas a não ser continuar trabalhando para os donos das grandes fazendas.

Correio dos Lagos - Porque celebrar o dia da abolição da escravatura? 

Antonio Ronaldo - O Brasil deve celebrar o dia da abolição da escravatura, pois foi uma grandiosa conquista para a população em geral e principalmente para os escravizados. Porém o 13 de maio é mais um dia de resistência e de luta pela igualdade e combate ao racismo que ainda assombra o nosso país e que não parece estar perto desta libertação.

Correio dos Lagos - Qual a ligação desta data com o Zumbi dos Palmares? 

Antonio Ronaldo - Zumbi dos Palmares é um dos grandes nomes da história do Brasil. Ele foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo da história de nosso país. Zumbi assumiu a liderança do quilombo, em 1678, e resistiu, durante quase 20 anos, contra as investidas dos portugueses. Foi morto após ter seu esconderijo denunciado, no dia 20 de novembro de 1695. Zumbi é, atualmente, um dos grandes símbolos da luta dos negros e dos africanos contra a escravidão no Brasil. Sua memória também é utilizada, nos dias de hoje, como símbolo de luta dos negros contra o racismo presente na sociedade brasileira. Zumbi tem ligação direta a esta data por ter sido líder em uma época difícil para os negros e mesmo assim encorajava os negros para sua libertação contrariando os poderosos da nação.

Correio dos Lagos - O que podemos designar como escravidão nos dias atuais? 

Antonio Ronaldo - O trabalho escravo, infelizmente, é uma realidade para muitas pessoas no Brasil e no mundo. Dados levantados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que existem, no mínimo, 20,9 milhões de pessoas escravizadas. Podemos designar como escravidão nos dias atuais, citando o ciclo do trabalho escravo existente. Como por exemplo, a miséria em que muitas pessoas encontram-se; o aliciamento dessas pessoas com promessas de mudança de vida; e o trabalho que elimina as condições de desligamento entre o trabalhador e o patrão. Esse ciclo somente pode ser encerrado com a denúncia e a fiscalização.

Infelizmente, após 132 anos da assinatura da Lei Áurea, nós brasileiros podemos, sem sombra de dúvidas, dizer que a lei não aboliu a escravidão no Brasil por completo. E devemos utilizar o dia 13 de maio como um dia de resistência e de luta pela igualdade e combate ao racismo e todo tipo de preconceito existente em nosso país e no mundo.


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