Essa é a história de superação de dona Lenir, após a Covid-19

Uma vida normal, Lenir Rogéria da Rosa Moreira, dona Fia como é conhecida na cidade de Anita Garibaldi, levava antes de descobrir que estava com Covid-19. Costureira de mão cheia, reformando uma roupa aqui, costurando outra ali, ela viu sua vida mudar completamente a partir do dia 4 de agosto de 2020, quando foi positivada para o Coronavírus.

A costureira de 68 anos, desde aquele 4 de agosto passou a conviver com a dor e agora está reaprendendo a viver. Foram 77 dias de internação na cidade de Lages e destes, 50 dias ela passou na Unidade de Terapia Intensiva - UTI, local onde teve parada cardíaca, precisou fazer hemodiálise, ficou na posição pronada e isso desenvolveu um problema sério nos punhos, saiu de lá com traqueostomia, usando sete litros de oxigênio, com feridas pelo corpo e muita dor.

Desde que recebeu alta, no dia 19 de outubro, dona Lenir iniciou o trabalho de reabilitação intensiva realizado na Unidade Básica de Saúde Célio Gomes, e sendo acompanhado pela fisioterapeuta Bianca Cristina Neves. "Quando ela chegou em Anita não caminhava, não mexia as pernas, os braços, as mãos... estava em completo estado de imobilidade, ela só piscava. A fala era com dificuldade, o cansaço era grande e já apresentava encurtamento postular, problemas nos pés, utilizava fraldas e para acolhe-la foi necessário montar um quarto de hospital em sua casa", comenta Bianca.

Passados pouco mais de três meses, dona Lenir diz que agora ela está feito gente. Antes de contrair o Coronavírus, ela apresentava problemas de saúde como pressão alta, diabetes, havia realizado cirurgia no fígado, na vesícula e era fumante desde os 10 anos de idade, porém havia parado de fumar a cerca de dois anos e levava uma vida normal.

Agora ela está na fase do desmame do oxigênio e em breve será retirada a traqueostomia. Dona Lenir realiza cinco sessões de fisioterapia por semana e assim que voltou para casa iniciou o tratamento de reabilitação, incluindo fisioterapia respiratória com estimulação diafragmática, padrão respiratório, higiene brônquica, mudança de postura, fisioterapia motora, além do acompanhamento da psicóloga da Unidade de Saúde, Caroline. "Para retirar ela da cama era muito difícil, ela teve que vencer o medo, o cansaço, nos primeiros dias ela sentiu tonturas e agora ela já apresenta uma melhora que merece ser reconhecida, está mais confiante, avançou muito e se tornou um exemplo de superação e força. Porém, ela não precisaria estar passando por todos esse sofrimento", enfatizou a fisioterapeuta destacando que cada dia que se passa imobilizado em um leito, se perde de 1 a 2% de força muscular, por mais que se receba tratamento de fisioterapia e de enfermagem, o corpo fica imóvel e isso trás uma gama de sequelas.

Os cuidados da família também são destacados pelo secretário de Saúde, Rodrigo Gehrke. "A família deu um apoio e um suporte muito importante para a recuperação e o tratamento de dona Lenir, que hoje é um exemplo de superação", comentou.

Perguntada se hoje ela faria a vacina contra o coronavírus, dona Lenir, apesar de estar utilizando a máscara de prevenção, foi possível observar o sorriso ao dizer que sim, e ela declara que depender dos outros é muito triste. "Se cuidem, pois só quem passa por isso sabe como é. Agora estou mais forte e o que eu mais quero é poder voltar a fazer o que eu fazia, voltar a vida normal", destaca dona Lenir enquanto fazia exercício de bicicleta, demonstrando que apesar de todo o sofrimento, com a ajuda da família e dos profissionais da saúde está conseguindo recuperar a vida.

O exemplo de dona Lenir não é somente para aqueles que possuem algum problema de saúde ou os considerados idosos, o exemplo dela é para todo o cidadão que ainda não acredita nas consequências e sequelas que a Covid-19 pode causar em cada organismo, em cada corpo. E vale lembrar que a vacina chegou, mas os cuidados continuam.