logo RCN

O OLHAR DOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS SOBRE A REALIDADE

Paróquia Santa Barbara

É com muita alegria queridos (as) leitores (as), que retornamos a meditar nesta edição o olhar dos discípulos missionários sobre a realidade; dando continuidade a edição anterior.

As mudanças culturais modificaram os papéis tradicionais de homens e mulheres. A avidez do mercado legitima que os desejos se tornem felicidade; como só se necessita do imediato, a felicidade se pretende alcançar através do bem-estar econômico e da satisfação hedonista.

Em meios à realidade de mudança cultural, emergem novos sujeitos, com novos estilos de vida; entre os aspectos positivos dessa mudança cultural aparece o valor fundamental da pessoa, de sua consciência e experiência, a busca do sentido da vida e da transparência.

Essa ênfase na apreciação da pessoa abre novos horizontes, onde a tradição cristã adquire renovado valor, sobretudo quando a pessoa se reconhece no Verbo encarnado que nasce em um estábulo e assume uma condição humilde, de pobre. Trata - se de uma afirmação da liberdade pessoal e, por isso, da necessidade de questionar em profundidade as próprias convicções e opções.

Os fatos da vida humana são valorizados quando são significativos para a pessoa. As culturas indígenas se caracterizam profundamente pelo apego a terra, a vida comunitária, e certa procura de Deus;

Os afro-americanos se caracterizam pela expressão corporal, o enraizamento familiar e o sentido de Deus;

Os camponeses se caracterizam pelo relacionamento do ciclo agrário;

A cultura dos mestiços que á a mais extensa entre muitos povos da região, tem buscado em meio as contradições, sintetizar ao longo da história essas múltiplas fontes culturais originárias, facilitando o diálogo das respectivas cosmovisões e permitindo sua convergência em uma história compartilhada.

Essas culturas coexistem em condições desiguais com a chamada cultura globalizada. Elas exigem reconhecimento e oferecem valores que constituem através dos meios de comunicação de massas: comunitarismo, valorização da família, abertura à transcendência e solidariedade.

A cultura urbana é hibrida, a cultura suburbana é fruto de grandes migrações de população, em maioria pobre, que se estabeleceu ao redor das cidades nos cinturões da miséria.

O Papa Bento XVI vê a globalização como um fenômeno "de relações de nível planetário", considerando-o "uma conquista da família humana", porque favorece o acesso a novas tecnologias, mercados e finanças. Tudo isso leva também consigo o surgimento de uma classe média tecnocologicamente letrada.

O Papa também assinala que a globalização "comporta o risco dos grandes monopólios e de converter o lucro em valor supremo". (...) "a globalização deve reger-se também pela ética, colocando tudo a serviço da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus". Pra sua justa valorização, é necessária uma compreensão analítica e diferenciada que permita detectar tanto seu aspectos positivos quanto os negativos.

A globalização, tal como está configurada atualmente, não é capaz de interpretar e reagir em função de valores objetivos que se encontram além do mercado e que constituem o mais importante da vida humana: a verdade, a justiça, o amor, e muito especialmente a dignidade e os direitos de todos, inclusive daqueles que vivem à margem do próprio mercado.

Em muitos casos a globalização privilegia o lucro, concentra poder e riqueza em mãos de poucos. Concentração não de recursos físicos e monetários, mas, sobretudo da informação e dos recursos humanos, o que produz a exclusão de todos aqueles não suficientemente capacitados e informados, aumentando as desigualdades que marcam tristemente nosso continente e que mantém na pobreza uma multidão de pessoas.

É necessário que os empresários assumam sua responsabilidade de criar mais fontes de trabalho e de investir na superação dessa nova pobreza. Frente a essa forma de globalização, sentimos forte chamado para promover uma globalização diferente, que seja marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos direitos humanos, fazendo da América Latina e do Caribe não só continente da esperança, mas também o Continente do amor, como propôs SS. Bento XVI no Discurso Inaugural desta Conferência.

Isso nos deveria levar a contemplar os rostos daqueles que sofrem. Entre eles, estão as comunidades indígenas e afro-americanas que, em muitas ocasiões, não são tratadas com dignidade de condições; muitas mulheres são excluídas, desempregados, meninos e meninas submetidos à prostituição infantil, ligada muitas vezes ao turismo sexual, também as crianças vítimas de aborto, os famintos, os dependentes de drogas, os enfermos, os sequestrados, os anciões e presos.Os excluídos não somente explorados, mas supérfluos e descartáveis.

Meditamos e reflitamos sobre essa segunda parte deste segundo capítulo do Documento de Aparecida!

Pe. Angelo Manoel da Cruz

Pároco de Anita Garibaldi

Anterior

Vargem é contemplada com o projeto de inclusão digital

Próximo

Convênio garante pavimentação da SC 456 até final do ano

Deixe seu comentário