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Uma família de sapateiros

Anita Garibaldi

A profissão de Sapateiro, por incrível que pareça, já foi bastante valorizada em décadas passadas. Hoje em dia a atividade praticamente deixou de existir nos grandes centros. No interior, os sapateiros resistem às adversidades imposta pela indústria calçadista. Em Anita Garibaldi, podemos destacar que ainda existem três casas do ramo com as portas abertas. Uma delas está situada na praça Paulino Granzotto. É a sapataria Neri. Um negócio tipicamente familiar e artesanal. Neri Martins Varela é o proprietário da pequena, mas aconchegante sapataria. A esposa Dorotéia e o filho Douglas ajudam na fabricação e concertos de sapatos, botas e outros tipos de calçados. "É um trabalho cativante", diz Neri "Sapateiro", cognome que ganhou em virtude de seu encantamento pela atividade.

A sua história de amor para com a profissão começou no final da década de 60. Na época, com 20 anos de idade, empregou-se numa selaria. Foram 11 anos de aprendizado, até começar o negócio próprio. Com um amigo instalou a "sapataria Nova", nos fundos da antiga rodoviária. A sociedade resistiu por 11 anos.

Então, decididamente resolveu abrir sua própria sapataria. Isso aconteceu no ano de 1991. De lá para cá as coisas evoluíram muito. Entretanto, a arte e a aptidão foram preservadas. "Procuramos manter um padrão de qualidade, para que nossos clientes saiam daqui satisfeitos com a compra", ressaltou o sapateiro.

Divertido e criativo, Seu Neri Sapateiro, lembra de uma história curiosa, que aconteceu com ele e um cliente. "Certo dia, chegou aqui um senhor de idade. Como costumo fazer com todos, atendi com toda a simpatia e atenção. Ele queria concertar uma mochila. Num minuto resolvi o problema daquele cliente. Porém, na hora de entregar o produto devidamente concertado, me distrai um pouco e sem perceber, coloquei um pé de ferro dentro da mochila. O homem, sem notar nada, pagou pelo serviço, agradeceu e foi embora. No outro dia voltou meio desconfiado, dizendo que tinha levado algo bastante pesado dentro da mochila. Ao chegar em casa percebeu que era um pé de ferro de aproximadamente 5 quilos, utilizado no acabamento dos calçados. Foi uma festa, nem eu mesmo acreditava naquilo que tinha feito", contou sorridente, dizendo que as vezes acontece alguma façanha desse gênero para descontrair o ambiente.

O filho Douglas Varela, é mais quieto, porem tão dedicado quanto o pai. Ele é a certeza de que o negócio será mantido dentro da família. "Gosto do que faço. Se depender de mim vou dar continuidade ao trabalho iniciado pelo meu pai", destacou o jovem de 18 anos.

Os itens produzidos pela família Varela são comercializados em todos os cantos do Brasil e até no Exterior. O grande diferencial está na maneira artesanal e criativa como as peças são fabricadas pelo trio familiar.

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