Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Usina Garibaldi vai atingir 539 famílias
Região
Cinco municípios atingidos, remoção de 539 famílias, área inundada de 26,79 quilômetros quadrados, barragem com 43 metros de altura, capacidade de geração de 175 mega watts e investimento que pode ultrapassar meio bilhão de reais. São alguns dos números apresentados na audiência pública que discutiu no dia primeiro de setembro, a instalação da usina hidrelétrica Garibaldi, na localidade de Araçá, no rio Canoas. O empreendimento será o de maior impacto direto ambiental, econômico, social e cultural de todas as unidades implantadas na Serra Catarinense. Convocada pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), a audiência reuniu mais de 1000 pessoas no salão paroquial de Abdon Batista. Foram seis horas de discussões e demonstrações sobre o empreendimento que deve começar a ser construído no início do próximo ano. Até o final de 2009 será realizado o leilão para definir o grupo construtor da usina. Trabalhando a plena capacidade a usina vai gerar energia suficiente para abastecer uma cidade com 300 mil habitantes. Os prefeitos de Abdon Batista, Cerro Negro, São José do Cerrito, Capão Alto e Vargem acompanharam a audiência que contou ainda, com a colaboração do Procurador da República, Nazareno Jorgealém Wolff e a participação de movimentos sociais. O estudo de impacto ambiental da usina foi realizado pela empresa Desenvix e aponta que Abdom Batista terá a maior área alagada com 4,69% do território. O segundo município mais impactado será Cerro Negro com 2,4%, seguido de Vargem com 1,7% e São José do Cerrito com 1,29%. Campo Belo do Sul terá 0,14% de seu território alagado. Representando os prefeitos da Amures, Janerson Delfes Furtado (Teba) de Cerro Negro, disse que esse é um momento importante para as comunidades. "É agora que temos de discutir e deliberar sobre o que vai mudar, que programas serão desenvolvidos para minimizar os impactos e analisar o projeto. Tão importante quanto o empreendimento, é o futuro das famílias que serão atingidas, não se pode ignorar o aspecto humano", declarou o prefeito. Garantir o cumprimento integral dos requisitos ambientais, sociais e econômicos determinados pelo órgão ambiental competente, esta é uma das principais preocupações levantadas na Audiência. A usina Garibaldi tem uma característica diferenciada das outras usinas construídas na região, seu reservatório de água será formado por quase 50% de área agricultável. "Isso não aconteceu nas outras usinas que estão encaixadas e protegidas por encostas de morros, com isso o impacto econômico direto da UHE Garibaldi é ainda maior, não apenas para o município que depende daquela movimentação econômica, mas também para as famílias", avalia o assessor ambiental da Amures, Alexandre Silva. Outra característica é uma curiosidade, como o local de instalação não possui curva para o desvio necessário do curso d’água, a casa de força da usina será instalada a 14 quilômetros da barragem, ou seja, a captação será na localidade de Araçá, a água será conduzida por uma rede de dutos e a devolução será na localidade de Santo Antônio. Além destes aspectos, mais de 38 sítios arqueológicos foram identificados na área do reservatório, vestígios de comunidades ancestrais indígenas e precursores da colonização. Um dos programas sociais visa resgatar esses vestígios, criar museus e resguardar as culturas passadas para que não fiquem submersas no lago. O projeto da usina está na Fatma para análise técnica e emissão das licenças prévia, de instalação e operação.
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