Correio dos Lagos / Editorial / A nova vida do campo

A vida no campo não é mais como já foi um dia. Engana-se quem pensa que as mudanças estão restritas a certos confortos que a cidade conheceu primeiro, como água encanada, luz elétrica e internet. As mudanças vão além do que é simples, porém fundamental.

Hoje em dia, a agricultura familiar ganhou força e tornou-se um grande exemplo de empreendedorismo rural. Famílias interioranas aprenderam que no quintal dos fundos as grandes roças podem dividir o espaço com uma série de pequenas hortas que aumentam a variedade de cultivos e a renda dos moradores. Quem acreditaria que um esquema de produção como esse, que parece apenas existir por subsistência, um dia seria a chave para o acesso de muitas famílias do campo a melhores condições de vida? Os pequenos agricultores acreditaram e hoje não se arrependem.

Cerro Negro, assim como os outros municípios da Região dos Lagos, aposta muitas fichas no desenvolvimento da agricultura familiar, pois sabe que esse é um dos modos mais simples para que o agricultor consiga mais reconhecimento e renda. O município até tem uma festa que homenageia esse tipo de agricultura, tudo para mostrar que vale a pena investir na agricultura.

Os cerro-negrenses sabem que viver em um município pequeno não é fácil. As oportunidades parecem distantes e até o próprio tempo, às vezes, parece parar. Mas, no campo, o tempo voa com as boas-novas frequentes. Recuperação de estradas, investimentos na agricultura e parcerias que ajudam a melhorar a vida do agricultor estão a disposição para quem quiser ver. O problema é que tem muita gente que fala sem ver. Sem saber. Sem ter o mínimo de noção de como as coisas mudam com o tempo.

Quem sabe que as oportunidades batem à porta, deve saber recebê-la. Essa semana, por exemplo, cinco associados ao Sindicato dos Trabalhos Rurais de Anita Garibaldi receberam casas novas em suas propriedades graças a uma parceria com o governo federal, através do Programa Nacional de Habitação Rural. Outras 29 famílias ainda aguardam pelas suas vezes, enquanto os últimos tijolos são assentados ou a pintura das paredes seca ao ar puro do campo.

Hoje em dia, dizer que não é bom morar no interior não é só uma grande mentira como também é uma enorme ignorância. Por lá, a vida é levada com a mesma seriedade que se leva na cidade. Há dificuldades? Naturalmente. Mas, onde não existem dificuldades? O importante mesmo é que ninguém é esquecido.