Correio dos Lagos / Editorial / Doar órgãos é doar vida

No final do mês passado, a semana nacional de doação de órgãos foi tema de diversas campanhas na mídia, tudo com o intuito de aumentar o número de doadores, fazendo com que muitas vidas sejam salvas com o auxílio de apenas uma pessoa.

Entende-se que é complicado desligar-se de alguém que tanto se ama, mesmo que esse alguém já esteja numa situação em que a vida não é mais possível. A maioria dos órgãos que são doados são retirados das pessoas antes de que o coração delas pare de bater. A vontade de ter novamente a pessoa e a sensação de que ela não está totalmente morta aliadas a esperança de poder vê-la novamente abrir os olhos fazem com que muitos familiares relutem e não doem os órgãos de seus entes queridos.

É importante sensibilizar as pessoas de que a vida sempre pode continuar. Muitas vezes a forma como ela continua parece meio injusta em meio a dor da perda, mas a sensação de saber que outros podem viver graças a uma última ação de generosidade serve como um abraço de consolo em muitos momentos tristes, principalmente naqueles quando a saudade bate.

Quem quer doar órgãos precisa comunicar à família. Não é necessário deixar nada escrito ou registrado de qualquer outro modo, a simples ação de expressar verbalmente a vontade de ser um doador é suficiente para que os familiares saibam que eles têm um último compromisso com o doador.

Atualmente, Santa Catarina é o quinto estado que mais faz transplantes por população e é o segundo com a menor lista de espera por milhão de habitantes em relação às demais regiões do Brasil. São números bons, mas que mesmo assim não diminuem a surpresa das pessoas ao ver quantos ainda aguardam na fila de transplantes.

Os números catarinenses são animadores, mas também devem ser motivadores. Todos os dias, milhares de vidas são salvas no mundo graças a vontade dos doadores de ajudar e o respeito dos familiares em manter vivos os órgãos e os desejos de quem quer ser doador. Em um momento triste, sempre cabe à família cumprir a vontade do doador e mantê-lo vivo além do próprio corpo.