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Uma lei que impede de ir até o chão

Se pararmos para enumerar todos os estilos de música que podemos encontrar no mundo, vamos ficar muito tempo classificando.

Um pagode na laje, ou numa garagem quando o tempo não colabora; um samba de raiz, os embalos poéticos e eruditos da MPB, moderna ou não. Se pararmos para enumerar todos os estilos de música que podemos encontrar no mundo, vamos ficar muito tempo classificando.

Há uma variedade infinita de músicas e músicos. Tem para todos os gostos e para os ecléticos que gostam de tudo, estes não menos exigentes ou apreciadores do que qualquer outra pessoa com gostos bem explícitos e definidos.

O que acontece com a música hoje em dia é que, assim como os escritores da maioria dos Best Sellers, os músicos querem vender o seu produto, o que às vezes implica numa letra mais melodiosa, para não dizer grudenta, do que lógica. Já não é raro encontrarmos letras de Funk com apenas um verso repetido do começo ao final da música, como algumas versões de "Você Quer?" Subentendidamente libidinosa, cantada pela famosa Renata Frisson. Sabem né? A Mulher Melão.

Não há como negar que músicas assim fazem parte de uma grande parcela de brasileiros, inclusive brasileiras. As mulheres, tanto quanto os homens, se divertem ao som dum pancadão, rebolando até o chão, num movimento do tipo "desce e sobe, sobe e desce", como outras músicas dizem. Repentinamente um novo conceito de sexualidade feminina foi formulado: a sexualidade vulgar.

Não podemos deixar de ligar o fato de que cantoras de Funk com repertório de baixo calão e o Axé de determinadas bandas baianas podem ser consideradas ofensivas às mulheres. Tendo isso por base a deputada estadual baiana Luiza Maia (PT), defende projeto em que se proíbe o gasto de dinheiro público com artistas que cantem músicas com conteúdos ofensivos. A intenção da deputada pode até ser considerada boa, a respeito da figura feminina, mas por outro lado uma lei desse tipo pode até ser vista como censura. Mas, como censurar algo que já faz parte da cultura de uma nação?

Querendo ou não, o fato é que esse tipo de música já é uma manifestação cultural brasileira, tanto quanto o Samba, o Pagode e o Sertanejo.

O problema – se assim pode ser chamado o peculiar gosto musical de alguns – não será resolvido com lei nenhuma, leis não existem para mudar opções tão pessoais. O máximo que se pode fazer é estimular as pessoas a pensarem sobre o que elas ouvem e como isso pode afetá-las socialmente. Ser imparcial e respeitar as diferenças é melhor do que legislar para uns pensando devaneadora maioria.

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