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Vidas poderiam ser poupadas

 Depois do que aconteceu em Santa Maria, a fiscalização em casas noturnas de todo o Brasil começaram a ficar mais frequentes e pesadas. Parece até que tem muita gente que não tem feito seu trabalho de fiscalizar, e agora que acidentes aconteceram, e que o medo bateu, espicharam as canelas para demonstrar eficiência e trabalho.

Nessas horas de altas inspeções, aparecem coisas absurdas que vão muito além da falta de saídas ou de equipamentos de emergência, em Salvador, por exemplo, foi encontrada uma borracharia que funcionava como boate à noite e, já que estava em pleno funcionamento, provavelmente recebia muitos jovens imprudentes e nenhuma fiscalização.
Na manhã de domingo, os noticiários nacionais e internacionais já falavam da tragédia gaúcha na boate Kiss, porém ainda havia pessoas que não faziam ideia do tamanho do acidente e como o nome de Santa Maria seria repetido tantas vezes nos próximos dias. A cidade, que é um polo universitário reconhecido nacionalmente, agora vê os olhos do mundo voltados à incoerência de uma série de fatos que provocaram um dos maiores desastres da história do Brasil, causado, acima de tudo, pela depravação humana.
Não há como deixar as palavras do comandante do corpo de bombeiros de Santa Maria passarem sem certa surpresa. Ele disse que a boate poderia funcionar sem problemas, mas algumas adequações precisavam ser realizadas. Ao que parece, nenhuma ação para regulamentar a segurança do local foi feita desde a última inspeção dos bombeiros, em novembro, já que relatos de sobreviventes trazem à tona falhas na iluminação, nas saídas de emergência e até nos extintores de incêndios. Óbvio que acreditar que um local assim poderia funcionar “sem problemas”, foi um risco tomado de forma inconsequente pela fiscalização.
Uma tragédia foi necessária para que a chuva de inspeções nas casas noturnas começasse. Mas, quantas destas inspeções realmente servirão para que a segurança seja mantida? Além disso, até quando essa moda de inspecionar os estabelecimentos vai ser levada a sério, até o esquecimento desse caso ou até a próxima tragédia?
 
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