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Aguiar alerta para comércio de agrotóxicos banidos no exterior
A contaminação de agricultores e da população em geral em função do uso indiscriminado de agrotóxicos foi motivo de pronunciamento do deputado Antônio Aguiar (PMDB), durante a sessão da terça-feira (1º/6)
O parlamentar é médico e apresentou ano passado projeto de lei que previa a adoção de conteúdo e atividades voltadas à orientação relativa ao manuseio de agrotóxicos e similares no currículo do ensino fundamental de escolas de áreas rurais. A matéria foi arquivada em razão do entendimento que iniciativa nesta linha só caberia ao Executivo.
Agora, o líder da bancada do PMDB repercute denúncias da mídia, que apontam ser o Brasil o principal destino de agrotóxicos banidos no exterior. “O país já é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, e tornou-se o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados ao menos dez produtos proscritos na União Europeia, nos Estados Unidos, na China, Índia e até no Paraguai”, alerta Aguiar.
As informações são da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. “O governo federal não leva adiante a reavaliação de tais produtos, etapa indispensável para restringir ou retirar do mercado aquilo que outros países já comprovaram que faz mal à saúde”, reforça o parlamentar, admitindo pressões das indústrias, que no Brasil vendem cerca de R$ 13 bilhões por ano.
Aguiar citou como exemplo o Endossuflan, produto de alta toxidade sob suspeita de provocar desregulamentação endócrina e toxidade reprodutiva, usado na cultura da soja, cana-de-açúcar e café. A importação deste produto saltou de 1,8 mil toneladas em 2008, para 2,37 mil toneladas em 2009.
No mesmo caminho estão o Acefato e o Metamidofós. O primeiro já foi banido na União Europeia e nos Estados Unidos, por ser comprovadamente tóxico para o sistema nervoso, sistema reprodutivo e provocar câncer, mas segue em uso nas culturas do tomate, soja, feijão, batata e amendoim, entre outras plantações.
Já o Metamidofós foi banido no Paraguai, China, Índia e União Europeia, por toxidade aguda e risco para o sistema nervoso, mas é aplicado em culturas de tomate, trigo, soja, feijão, batata e amendoim.
Fiscalizações da Anvisa em sete indústrias de agrotóxicos resultaram no fechamento de seis, e a sétima foi autuada por omissão de informações. Os técnicos constataram até adição de essências aromáticas para camuflar o cheiro de veneno, com o objetivo de tornar o produto mais tolerável pelos agricultores e vizinhos das indústrias que embalam os produtos. “Isso é um crime, porque o próprio cheiro forte é para alertar sobre o risco da toxidade”, considera Aguiar.
No alho, arroz e cebola também é usado a Parationa-Metílica, tóxica para o sistema nervoso, suspeita de desregulação endócrina e com potencial de provocar mutação nas células. “Estamos falando de agricultura, de produtos que estão na nossa mesa, e da saúde das pessoas, especialmente dos agricultores.
De um custo imensurável para a Saúde, pois quem fica doente aos poucos vai bater às portas dos nossos postos de saúde e hospitais, e aumentar as filas do SUS, além de causar apreensão e dor para as famílias catarinenses e brasileiras”, prevê o deputado.
“Isto tem que mudar, com uma ação forte e decisiva. Não podemos prescindir do uso de agrotóxicos nas nossas lavouras, sob penas de perdas de produtividade. Mas é preciso controle, do que está sendo utilizado e das quantidades empregadas.
E é por isso que este deputado propôs que o assunto fosse tema do ensino no meio rural, pois este é um bom caminho para mudarmos esta triste realidade”, completou Antônio Aguiar.
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