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Após 18 anos, jovem teve diagnóstico de Autismo
No próximo domingo,2,as homenagens são todas em tom de azul, pois é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Esse transtorno é percebido logo nos primeiros anos de vida e é mais comum entre meninos. Mas, vamos contar a história de Isadora, uma jovem que possui autismo e há poucos meses está residindo em Anita.
Há 21 anos, na cidade de Canoinhas/SC, nascia Isadora Gomes Lima. Quando ainda pequena, a família de Isadora mudou-se para Araripina, que fica no sertão de Pernambuco.
Durante 17 anos que Isadora esteve em Pernambuco, não havia sido diagnosticado o que ela tinha, todavia, os pais, Irene e José, perceberam desde o início da vida dela que a mesma possuía algo ainda sem diagnóstico. "Desde pequena sabia que a Isadora tinha uma especialidade, mas na época ninguém falava em Autismo. Ela iniciou as primeiras linguagens com quatro anos. Começou a frequentar a escola, mas não houve desenvolvimento no aprendizado. Aos 12 anos ela passou a estudar em um ambiente dedicado a educação especial", contou a mãe, que teve a filha aos 29 anos.
Embora os esforços dos pais, Isadora regredia. "Levei ela em diferentes profissionais da Medicina e ninguém descobria o que ela tinha. Então decidimos vir morar em Criciúma, atrás de recursos. Lá um neurologista especializado em autismo, logo na primeira consulta, me disse que ela é autista. Eu sorri e falei para o doutor que, pelo menos, enfim, minha filha tinha um diagnóstico. Nessa época ela tinha 18 anos já", contou a mãe. "Fez muita falta não saber desde o início que ela era autista", acrescenta.
A partir disso, Isadora passou a frequentar a Associação dos Amigos Autistas (AMA). Depois de onze meses, Irene e os dois filhos retornaram para Pernambuco. "Isadora tinha melhorado bastante a questão comportamental. Mas, durante a viagem, ela começou a regredir. No tempo que ficamos lá, ela entrou em regressão total, porque o atendimento especial era muito precário. Ela não comia e nem dormia direito", relatou Irene. Depois de onze meses, eles decidiram voltar a Criciúma, buscando o melhor para Isadora.
A vinda para Anita Garibaldi, em dezembro de 2016, foi devido ao alto custo de vida em Criciúma e porque Irene tem familiares na Cidade dos Lagos, onde também residiu por 17 anos. "Aqui Isadora começou a ir à APAE, e está novamente se habituando a mais essa mudança. A falta que ela sente do pai afeta a Isadora, mas vamos continuar aqui pensando no melhor para ela. Amo meus dois filhos, mas ela precisa de um carinho especial", citou a mãe que mora com os dois filhos em Anita, destacando um importante aspecto: "Oriento os pais para que busquem recursos o mais cedo possível, ao perceber qualquer atitude em seus filhos que não esteja dentro da normalidade. A Isadora poderia ter desenvolvido muito mais, porém o diagnóstico demorou muitos anos".
Uma entre os oito autistas que frequentam a APAE de Anita, Isadora conta que está gostando muito de vir à escola. Além disso, adora escutar música, gosta de cozinhar e é muito vaidosa.
O que é Autismo?
A partir do último Manual de Saúde Mental - DSM-5, que é um guia de classificação diagnóstica, o Autismo e todos os distúrbios, incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger, fundiram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista - TEA.
O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
O TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção e, às vezes, as pessoas com autismo têm problemas de saúde física, tais como sono e distúrbios gastrointestinais e podem apresentar outras condições como síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver ansiedade e depressão.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição. Algumas poderão levar uma vida relativamente "normal", enquanto outras poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.
O Autismo é uma condição permanente, a criança nasce com ele e torna-se um adulto com Autismo. Assim como qualquer ser humano, cada pessoa com Autismo é única e todas podem aprender.
As pessoas com Autismo podem ter alguma forma de sensibilidade sensorial. Isto pode ocorrer em um ou em mais dos cinco sentidos - visão, audição, olfato, tato e paladar - que podem ser mais ou menos intensificados. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode achar determinados sons de fundo, que outras pessoas ignorariam, insuportavelmente barulhentos. Isto pode causar ansiedade ou mesmo dor física.
Alguns indivíduos que são sub sensíveis podem não sentir dor ou temperaturas extremas. Algumas podem balançar, rodar ou agitar as mãos para criar sensação, ou para ajudar com o balanço e postura ou para lidar com o stress ou ainda, para demonstrar alegria.
As pessoas com sensibilidade sensorial podem ter mais dificuldade no conhecimento adequado de seu próprio corpo. Consciência corporal é a forma como o corpo se comunica consigo mesmo ou com o meio. Um bom desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, e da afetividade.
Quanto mais cedo o programa de intervenções começar, maiores são as chances da pessoa com Transtorno do Espectro Autista se desenvolver melhor, com mais qualidade de vida. Por isso, se a família começou a identificar alguns sinais de que há algo diferente no desenvolvimento ou comportamento da criança, o melhor caminho a seguir é o serviço de atendimento multidisciplinar. No nosso município a APAE oferece atendimentos clínicos e pedagógico para pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Frequentam a escola regular, além da APAE, quatro autistas.
Juliana Regina da Silva
Psicóloga
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