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A água

 A escassez dos recursos hídricos tem solução?

A demanda por água de qualidade cresce à medida que a população aumenta e o país se desenvolve. A vulnerabilidade à contaminação das águas superficiais e a dificuldade de remediar aquíferos enfatizam a importância pela proteção desses recursos, visando manter a sua qualidade em um futuro de incertezas.

O Brasil possui 12% das reservas mundiais de água doce, com uma disponibilidade hídrica de 40.732 m3/hab/ano, podendo ser considerado um país privilegiado. Porém a sua distribuição não coincide com as áreas onde existe maior demanda pelo recurso hídrico. Por exemplo, a maior abundância encontra-se na Bacia Amazônica (cerca de 80% das águas do país), mas mesmo as cidades localizadas na Região Norte enfrentam crises de abastecimento.

Demanda acima da oferta – O risco de escassez de água nas grandes cidades é cada vez maior. Alguma regiões metropolitanas já apresentam o cenário de estresse hídrico, em que a demanda de água por habitante é maior do que a oferta disponível. Esse cenário de escassez é fruto do alto consumo de água, das perdas nas redes de abastecimento público e da falta de saneamento que gera poluição nos recursos hídricos.

Tais fatores fazem com que as empresas de abastecimento público busquem os mananciais das bacias hidrográficas vizinhas, sendo necessárias grandes obras para transpor a água. As regiões de São Paulo e Campinas, por exemplo, usam a água subterrânea como reserva estratégica para atividades econômicas em indústrias, hotéis e mesmo em residências.

O crescimento urbano, principalmente em locais onde não existe planejamento, interfere de forma direta no ciclo hidrológico: altera o ciclo pluviométrico e a evapotranspiração em uma região, influencia o processo de recarga de aquíferos e modifica as vazões dos rios, podendo diminuir os recursos disponível ao longo do tempo.

A própria mudança climática – com alterações da temperatura e outras condicionantes ambientais – também pode interferir de forma indireta, afetando a relação que a sociedade e o setor produtivo têm com o recurso hídrico.

Tanto esses efeitos diretos como os indiretos exigem o melhor aproveitamento dos recursos hídricos. É necessário repensar a matriz hídrica e a eficiência social, econômica e ambiental da água e seu aproveitamento no presente e no futuro.

Uso das fontes subterrâneas – Um aspecto relevante a ser considerado é que a dinâmica da água subterrânea é distinta da água superficial. O rio, do ponto de vista do gestor do recurso hídrico, é o antônimo do aquífero. O rio tem uma baixa capacidade de armazenar água; por outro lado, pode entregar uma vazão instantânea muito maior que os aquíferos. Adicionalmente, a exploração dos aquíferos é feita por poços e nascentes que geralmente tem vazões estáveis (pouco influenciadas pela sazonalidade), mas geralmente reduzidas, quando comparadas às observadas em captações superficiais.

Ainda não é feito no Brasil um aproveitamento da dinâmica própria dessas manifestações da água. Mesmo em cidades que fazem uso desses dois mananciais, não há um planejamento integrado que se beneficie das vantagens de cada recurso. Atualmente, o uso de duas ou mais fontes de água não visa ao menor custo ou ao melhor aproveitamento ambiental do ciclo hidrológico.

Portanto esse aspecto de complementaridade deve ser considerado no planejamento pelo uso da água, com óbvios benefícios para a sociedade para o usuário, então, preparar as cidades e as atividades econômicas que requeiram água para o aumento das fontes subterrâneas. Em muitos casos, a gestão integrada das duas manifestações do mesmo recurso hídrico tem que ocorrer sob pena de colocar em risco a segurança hídrica ou o encarecimento econômico, social e ambiental dos produtos associados à água.

"O silêncio é bom para o sábio; e muito mais o é para o tolo’.

 

Referência:

CONICELLI, Bruno Pirilo. A escassez dos recursos hídricos tem solução? Jornal Mundo Jovem, Porto Alegre, março de 2011.

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