As pessoas que têm a rédea das suasvidas nas mãos geralmente desfruam de saúde e de vida longa com qualidade. Como médico, é um compromisso e uma missão estimular que as pessoas descubram cada vez mais a cura de si mesmas. Fazer com que as pessoas consigam acreditar que a saúde é resultado daquilo que elas constroem para suas vidas.
Quando falamos em protagonismo queremos dizer que a pessoa tem que ser aquilo que ela quer ser, exercer o direito que ela tem. Em outras palavras, é exercer a cidadania. A pessoa protagonista procura participar na associação comunitária, na luta pelos direitos da sociedade, da sua categoria; não fica parada, esperando como pedinte de direitos. Protagonismo é o ser humano na sua plenitude.
Uma questão de saúde – É fundamental discutir o que se quer e tentar fazer com que isso se efetive. Rançar, se tiver que rançar. Às vezes as pessoas têm um certo receio. É pior baixar o cabresto e ficar depois com úlcera ou não conseguir dormir direito. É preciso botar em pratos limpos as questões, enfrentar os conflitos. Quando conflitamos, tornamos possível um debate para chegar a soluções.
Uma coisa que percebemos éque as pessoas que têm a vida relevante, que acreditem no seu potencial, têm uma defesa imunológica alta. Elas possuem uma proteção natural por fazerem com que, através do seu dinamismo, uma substância chamada endorfina, responsável pela felicidade, esteja sempre num nível elevado. Isso faz com que as substâncias que deprimem, que entristecem, estejam impedidas de crescer.
O protagonismo faz com que uma pessoa, tendo saúde muito melhor, adoeça menos ou não adoeça, e faça com que a vida seja muito mais vivida, muito mais proveitosa. Essas pessoas têm a capacidade de fazer com que situações pequenas, médias e grandes sejam produtoras de felicidade. São pessoas que têm uma facilidade muito grande de serem felizes. E a felicidade, no conceito mais moderno que se tem de saúde, é o principal promotor da saúde.
Pessoas tristes, mais negativistas, são aquelas pessoas que vemos adoecer com mais facilidade; se deprimem, baixando a guarda e fazendo com que a doença tenha a oportunidade de se instalar. Cada vez mais os profissionais que estão atentos para essa questão têm orientado as pessoas a fazerem tratamento baseado em abraços, em convívio social, em encontros com pessoas.
Com o tempo se viu que a grande parte do sucesso no tratamento das doenças não é medicamentosa. Antes a ação médica se restringia ao diagnóstico da doença e à prescrição da receita. Hoje temos que incluir medidas não farmacológicas, ou seja, correr, caminhar, seguir uma dieta saudável, não fumar, não beber emexcesso etc.
Nas caminhadas, por exemplo, as pessoas começam a conhecer os parques, apreciar mais as ruas, abanar para um vizinho. Não é só a atividade física em si; é tudo aquilo que ela traz consigo que aumenta a vontade de ser uma pessoa diferente, melhor. É uma relação de mente e corpo. Quando a mente começa a trabalhar, o corpo começa a responder.
Saúde colada na fraternidade – A Campanha da Fraternidade deste ano, com o lema Que a saúde se espalhe sobre a terra, pode ser um grande momento de as pessoas se darem conta de coisas importantes. Jesus Cristo disse “Que todos tenham vida e a tenham em plenitude”. Vida em plenitude é todas as pessoas poderem fazer tudo aquilo que precisam, devem e podem fazer: trabalhar, ter moradia com qualidade, criar os filhos em escolas de qualidade e perceber a família crescendo em graça e sabedoria. Então, a saúde está coladana fraternidade, porque não tem como distribuirmos saúde para todos sem fraternidade.
Ainda temos uma sociedade masculina, competitiva, solitária e agressiva no ser humano. As pessoas se matam em disputas no trânsito, não podem perder para ninguém no futebol, nos cargos que ocupam... Parece que a luta é sempre estarmos em primeiro lugar. Parece que abdicamos de ser felizes com essa luta fraticida, que exclui os outros. Fraternidade é exatamente o contrário disso. Temos que reinventar a sociedade para podermos falar em saúde e fraternidade. Devemos ter umarelação boa com o vizinho, sem nos importar com sua conta bancária, seu carro etc., mas que todos sejam visíveis e tenham relevância por serem sujeitos.
Referência:
WOLFF, Ronald Selle. Protagonismo: a felicidade traz saúde. Jornal Mundo Jovem. Porto Alegre, março de 2012.
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