O campo-belense que atualmente reside no município de São José do Cerrito, Clodoveu Júnior Nery, de 41 anos, caminhoneiro, casado com Andréia Ramos Nery e pai de quatro filhos, lutou por longos 86 dias de internação contra a Covid-19. Destes 86 dias, 71 foram na UTI e 60 dias intubado.

Junior como é conhecido, testou positivo para Covid-19 no dia 28 de maio de 2021, após três dias em casa, desde o descobrimento da doença, os sintomas começaram a piorar e no dia 31 de maio ele procurou auxílio médico e foi necessário ficar internado. "No dia 31 já saímos de casa com uma sacola pequena de roupa, pois devido aos sintomas pensamos que poderia já ficar internado, do Posto de Saúde ele já foi de ambulância para o Centro de Triagem e as 20h do dia 31, ele internou no Hospital Tereza Ramos", relembra a esposa Andréia que é técnica de enfermagem e trabalha também no Hospital Tereza Ramos, porém nesse período ela estava de férias do trabalho.

Além de Junior, a esposa Andréia apesar de estar vacinada com as duas doses, também contraiu a doença, porém com sintomas leves e a filha de sete anos também, porém assintomática.

O campo-belense não tinha comorbidades, estava um pouco acima do peso, mas nada que pudesse comprometer tanto o quadro de saúde. Quando Junior internou na ala Covid, uma nova tomografia realizada, já apresentava o comprometimento em 50% dos pulmões, ali ele permaneceu até o dia 3 de junho e com a piora dos sintomas, foi solicitado um leito de UTI, o qual não tinha disponível no momento, sendo liberado a noite uma vaga na UTI, ele foi transferido, ficou em máscara durante cinco dias, e a esposa relata, que durante as visitas no dia 5 e dia 8 de junho eles conversaram, porém como ela ainda estava de férias, permaneceu em casa no interior do município de São José do Cerrito, junto com os dois filhos e só ia ao hospital nos horários de visita. "Como aqui em casa o telefone não funciona para ligação, somente internet, quem recebia os boletins médicos era a Kene, irmã do Junior que mora em Campo Belo do Sul e na manhã do dia 9 de junho, fui comunicada que ele seria intubado. Tive muito medo, pois como trabalho em hospital, acompanhei muitas histórias, algumas com final feliz e outras nem tanto", lembra a esposa.

Junior permaneceu por 60 dias sedado, com respirador e algumas tentativas de desmame, que não deram certo. "A partir do dia 15 de junho retornei ao trabalho e passei a fazer visitas diárias na UTI Covid, sempre conversava com os médicos, enfermeiros e fisioterapeutas e o quadro era gravíssimo. Ele apresentava fibrose, em um momento precisou usar droga vasoativa, em uma nova angiotomografia fui informada que o quadro era irreversível, os exames mostravam infecção alta, bactéria hospitalar, mas para a nossa sorte os rins funcionaram bem durante toda a internação. Precisou fazer traqueostomia dia 21 de junho e ocluiu dia 13 de agosto, usou sonda vesical e nasogástrica para alimentação durante todo o internamento na UTI", destaca Andréia.

Novos exames mostravam o comprometimento dos pulmões em 75%, porém aos poucos ele foi se mostrando forte, melhorando e acordou no dia 8 de agosto. No dia 11 de agosto fomos informados da alta e no dia 13 ele deixou a UTI. "Foi o momento mais emocionante de nossas vidas, muitas lágrimas de alegria, pois passamos dias muito difíceis, as famílias e amigos se uniram em oração e pensamentos positivos, meus filhos aprenderam a rezar de joelhos, pedindo a cura do pai. Permanecemos mais 12 dias na enfermaria e no dia 24 de agosto, viemos para casa, mais um momento de muita emoção", comenta a esposa.

Ele perdeu 21Kg, ainda permanece com o oxigênio 24h em casa, mas com baixa concentração, já começa a ficar em pé e ensaia os primeiros passos, come e escova os dentes sozinho e faz fisioterapia domiciliar seis vezes por semana.

"O que ficou de ensinamento é que temos que aproveitar cada momento da nossa vida, junto de quem amamos, que o dinheiro não compra a saúde e que o que realmente importa é o bem-estar, o viver bem, o amar e dizer para as pessoas que as amamos, pois com a correria do dia a dia deixamos para depois. Que Deus é tudo na nossa vida e que hoje estamos vivendo um momento de muita graça, alegria e gratidão a Deus, a família e aos amigos", enaltece Andréia destacando também que o Junior é muito tranquilo, não reclama de nada, se ajuda bastante e tem muita vontade de viver.

Junior tem seis irmãs e a mãe junto dele, pois o pai já é falecido e toda a família de alguma forma, ajudou e orou muito pela recuperação dele, pois a ligação dele com as irmãs e muito forte e bonita.