O político e escritor romano Catão, o Censor, lembrou que “os ladrões de bens particulares passavam a vida na prisão e acorrentados; aqueles de bens públicos, nas riquezas e nas honras”. Com efeito, uma susseção de escândalos de malefícios na administração pública obrigou autoridades do país a renunciar a funções. Após uma largada aparentemente encorajadora, a vassoura foi colocada de volta no armário e criou-se novo vácuo que a sociedade precisa ocupar.
Nosso Brasil convive com um histórico de corrupção e impunidade desde sua época de colônia. O modelo de desenvolvimento econômico fomentou estruturas de desigualdade e de conservadorismo na cultura patrimonialista, chancelada pelo Estado. Intelectual e homem público brilhante, Rui Barbosa proferiu um desabafo ao concluir o que cabe bem nos nossos dias atuais: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Jamais o Águia de Haia sonharia com os escândalos dos mensalões e das sanguessugas, entre outras tantas denúncias de desvios de dinheiro público. O desabafo de repúdio e perplexidade atravessa décadas e não se tem indícios de solução num futuro breve.
A corrupção, ao que parece, existe em todas as nações do mundo. Só que em estruturas modernas os meios de vigilância, controle e identificação de irregularidades são mais eficientes e contam com mecanismos exemplares de punição, nos quais a impunidade não garante o combustível da continuidade do processo, cada vez mais envolvente e sofisticado. O simbolismo do gesto, pela disposição de executar faxina, não deveria morrer no seu nascedouro. Cabe à sociedade oxigenar esse movimento e lembrar que a ética não é uma exceção, mas um rígido princípio propulsor da majestade do direito da coletividade.
Referência:
PÍTSICA, Diogo Nicolau. Basta de corrupção!. Diário Catarinense. Florianópolis, 15 de setembro de 2011.
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