Nem parece, mas o cigarro é um dos principais problemas que a saúde pública enfrenta. Geralmente associado ao prazer e satisfação pessoal, o vício de fumar não é nem de perto saudável e muito menos é para o corpo, assim como também para a vida social.
Quando se fala em saúde pública pensa-se primeiramente em hospitais precários e falta de medicamento. Pensa-se em um grande número de pessoas atendidas nos corredores das instituições de saúde. Geralmente, a primeira coisa que vem a cabeça quando o assunto é saúde pública são as imagens dos problemas apresentados nos telejornais, problemas que já são considerados características do maior sistema público de saúde do mundo: o SUS. Claro que não é só de maus conceitos que vive a imagem da saúde dos brasileiros, os quais nem são tão notórios nas cidades pequenas como as que formam a Região dos Lagos. Porém, há problemas de saúde pública nos quais poucas pessoas pensam. São problemas que aparentemente estão ligados de forma indireta à saúde brasileira: problemas com drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
O cigarro é uma das drogas legais que mais trazem problemas à saúde da coletividade, sendo considerada até mais perigosa do que a maconha e o LSD – pode-se dizer que só continua como droga legal a fim de não trazer problemas econômicos ao país, porém esta desculpa talvez só pudesse ser usada antes, uma vez que todos sabem muito bem que o cigarro dá mais prejuízo do que lucro aos cofres públicos.
As campanhas antitabagismo são fundamentais para que as pessoas não esqueçam os perigos que o vício pode trazer, por isso no dia 31 de maio foi comemorado o dia mundial sem tabaco, mostrando a todos a série de complicações que o cigarro pode causar. Em Anita Garibaldi, os dois últimos dias do mês de maio foram movimentados no posto de saúde municipal, o qual realizou uma campanha interna contra o tabagismo, com orientações e distribuição de folders às pessoas que passaram pelo local.
No município não existe um grupo de tratamento contra o cigarro, uma vez que não há pessoas preparadas pelos órgãos competentes regionais, sem as quais não é possível desenvolver um trabalho efetivo com as pessoas que sofrem por não conseguir deixar de fumar. “Não adianta montar um grupo se não temos algo a oferecer. Somente depois de passar por um treinamento é que poderemos indicar e ajudar melhor as pessoas, com adesivos, remédios e outros meios que são necessários para ajudar os fumantes”, diz a enfermeira Camila, do posto municipal de saúde.
De acordo com ela, em 2012 é esperada a capacitação de dois profissionais para atender as pessoas que precisam de auxílio para largar o vício definitivamente. Estes profissionais devem ter ensino superior completo para atender grupos de até 12 pessoas, as quais recebem informações e acompanhamento especializado durante o tratamento, que é feito em casa e com o grupo de apoio.
Com a expectativa de que este ano a capacitação seja realizada, as pessoas podem procurar o posto de saúde para participar do grupo de tratamento contra o cigarro, porém ainda não há data definida para o início dos trabalhos.
Em Abdon Batista, a luta contra o cigarro vem de um lugar com o nome um tanto sugestivo: Paróquia Nossa Senhora da Saúde, onde o padre Romildo Cerutti deu início, junto com o posto de saúde, a uma proposta na luta contra o cigarro, através de um grupo de apoio. “Essas pessoas precisam ser apoiadas, motivadas com reuniões, encontros, caminhadas para largar o vício”, declarou o padre em entrevista ao Correio dos Lagos no início do mês de maio. Ele disse ainda que conta com o material explicativos do Dr. Dráuzio Varela, que o ano passado participou da campanha “Brasil sem Cigarros”.
Trabalhos como este são importantes para os fumantes, talvez até mais importantes do que obrigar as fabricantes de cigarro a imprimir nas carteiras de cigarros imagens que remetam aos perigos e consequências que o vicio pode trazer. Fumar não é mais permitido em diversos lugares, um fato ainda não assimilado por muitos fumantes como um perigo à sua saúde num outro contexto: o social. Nos últimos dias os fumantes têm perdido espaço, enquanto o cigarro não (se facilitar ele continua ganhando), por isso a impressão que se tem é que este é um mal que não tem sido cortado pela raiz.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos veículos), substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Para conscientizar os fumantes sobre os danos que estão causando à saúde e como o cigarro pode atingi-los socialmente, as fabricantes de cigarro foram obrigadas a estampar em suas embalagens imagens que mostram uma pequena parcela dos males do cigarro. As imagens às vezes são de caráter um tanto quanto surreal, porém são bem fundamentadas no medo que as pessoas têm sobre os problemas abordados. Mais uma tentativa de manter a droga longe dos pulmões.
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