entrevista
Edson Schiavotelo, sou um engenheiro que gosta de trabalhar com gente.
Edson Schiavotelo, 63 anos, é natural de São Paulo, mas atualmente mora em Florianópolis. Formado em engenharia mecânica, trabalhou por mais de trinta anos na empresa Alcoa, uma das acionistas da Usina Barra Grande. Schiavotelo foi responsável pela área de sustentabilidade e relações institucionais da empresa e acompanhou de perto a implantação dos projetos e benefícios às comunidades atingidas pela Barra Grande. Hoje ele deixa a empresa e diz sentir-se satisfeito pelo trabalho prestado na região.
Correio dos Lagos - Como surgiu a usina Barra Grande em seus projetos de trabalho?
Edson Schiavotelo – Fui funcionário da empresa Alcoa há mais de 37 anos e sempre trabalhei em fábricas em diversas regiões do país. Em 2005 me convidaram pra ir trabalhar no escritório de São Paulo. Enquanto estava em São Paulo me convidaram para vir trabalhar em Barra Grande, eu pensava, ir para Barra Grande, mudar outra vez. Até que um dia me fizeram o convite novamente e eu aceitei. Vim para Barra Grande em 2007 e foi minha primeira experiência com usina.
Correio dos Lagos – Na sua opinião, a que se deve o sucesso dos projetos apresentados por Barra Grande?
Edson – As experiências nas fábricas me mostraram algumas coisas. Primeiro não se pode ter um negócio de sucesso se a comunidade que está inserido não for boa também. A chave de tudo é o diálogo, comunicação, transparência, acessibilidade, disponibilidade e foi isso que fomos implantando no processo de Barra Grande. A usina tem uma licença de operação de trinta e cinco anos e você tem que ser um bom vizinho, querido, respeitado e que contribua. Essa foi a política que adotamos o período todo. Estive sempre disponível a quem me procurou e a atuação que a Baesa tinha iniciado na época foi fortalecida assim a presença ficou muito mais constante na região.
Correio dos Lagos – O bom relacionamento entre usina e comunidade na sua visão é construído através de quais fatores?
Edson - A usina de Barra Grande é uma referência no setor elétrico nacional, muita gente quer saber qual o motivo do sucesso desse relacionamento que dá certo, desse casamento harmonioso entre uma usina e uma região. Eu acredito que o grande segredo desse sucesso é o diálogo entre as partes. Esse foi o grande segredo do sucesso, não da Baesa, mas sim do relacionamento e da inserção de uma usina na região e quando esse trabalho é bem feito ele promove uma coisa muito interessante. Hoje os municípios de Santa Catarina que já eram unidos são mais unidos e se uniram aos do Rio Grande do Sul o que formou uma comunidade entre os dois estados e a gente vê isso nos festivais, nas copas que vocês promovem, isso é uma coisa que a gente não para para prestar atenção e é de uma grandeza espetacular. São resultados de uma política em que todos ganham.
Correio dos Lagos - Barra Grande foi a primeira usina em que trabalhou, como foi a experiência?
Edson - Eu sempre achei que tudo o que eu fiz na minha vida foi fantástico, mas esse aprendizado aqui foi muito grande. Eu só sabia que usina gerava energia, eu tinha ideia de como era uma barragem, máquinas, mas uma usina é muito mais que gerar energia, ela mexe com toda a região. Uma vez eu ouvi uma pergunta: Uma usina é boa ou ruim para uma região? Primeira coisa, pode ser boa ou ruim e depende muito de quem está a frente do projeto. Se os acionistas forem bons e tiverem um passado que reforce a atuação deles, pode ter certeza que vai ser muito bom para a região, mas pode ser ruim, se não tiver um diálogo entre as partes. Depende do que as duas partes estão dispostas a fazer. Mas foi uma boa experiência eu levo muita saudade desse trabalho.
Correio dos Lagos – Anita Garibaldi antes da usina e depois da usina. Na sua visão mudou muito?
Edson – Não peguei todo o processo de implantação da usina, pois vim para cá em 2007, mas me sinto bem em Anita, uma cidade gostosa e bonita. Me sinto bem como me sinto na maioria das cidades da região. Construção mexe muito com a cidade e eu morria de medo do município dar uma murchada após a conclusão da construção, mas continuou evoluindo, com novas lojas, iniciativas novas. Vocês do jornal e da gráfica são exemplos, pois estão crescendo e isso tem muito a ver com a chegada da usina. Muitos negócios que antes eram exclusivamente em Anita, hoje são com a região e muitos desses contatos com a região foram proporcionados graças a projetos em parceria com a usina. Anita e região aproveitaram a oportunidade que a usina despertou e os municípios estão sabendo a usar. O maior ganho com a vinda da usina para cá é conectar a região com o restante do estado e do país.
Correio dos Lagos - Agora, aposentado, o que pretende fazer?
Edson - O pessoal diz que eu tenho que continuar trabalhando e se eu puder contribuir com algo estarei disposto. Eu trabalhei quarenta anos praticamente diretos, sempre mudando de um lugar para outro e acredito que dei bastante contribuição.
Correio dos Lagos – Qual era seu cargo dentro da empresa?
Edson - Meu cargo era Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais. Além de cuidar do meio ambiente, do relacionamento com os municípios, instituições de meio ambiente, conheci todos os municípios da região da usina. E durante o tempo em que trabalhei na região tive um bom relacionamento com todos tanto que quando saí agora em dezembro passei em cada município conversar com os prefeitos, tive a oportunidade de ver todos eles. Nosso relacionamento sempre foi muito bom.
Correio dos Lagos – Os projetos apoiados pela Baesa irão continuar?
Edson - Os projetos eu acredito que vão continuar, isso é uma filosofia da Baesa. Barra Grande tem sido útil para a região, a fama dela tem ido longe e quando se fala em Barra Grande se lembra de Anita Garibaldi.
Correio dos Lagos – Depois de anos de trabalho, quem é o Edson Schiavotelo hoje?
Edson - Sou um engenheiro que gosta de trabalhar com gente. Eu sempre gostei de trabalhar com gente, gosto de estar no meio de pessoas e contribuir com a experiência que fui adquirindo ao longo dos anos. Eu sempre gostei muito do que fiz eu coloco muita paixão em tudo que faço. Esse trabalho aqui na região me deu a oportunidade de ser útil de alguma forma. Para mim é uma satisfação em ver que o relacionamento entre usina e região está bem e que todo mundo está lucrando e, se souber manter isso, os lucros poderão ser maiores.
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