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Entrevista com o médico neurologista Wilson Gomes Junior

No próximo dia 18 de outubro é comemorado o dia do médico. Em homenagem a eles o Correio dos Lagos entrevistou o neurologista Wilson Gomes Júnior, que atua na APAE de Anita Garibaldi através de uma parceria com o Sistema Único de Saúde, a fim de atender efetivamente os alunos da instituição em todas as necessidades.

 Wilson Gomes Júnior é médico neurologista há dezoito anos. Tem uma filha e mora em Lages junto com sua esposa Kelly, que também trabalha na área como neurocirurgiã.

Confira conosco a entrevista em que ele fala um pouco de seu trabalho e assume que, embora goste de sua profissão, há momentos difíceis em que não há como não sentir-se sensibilizado com a situação de pais e pacientes.
 
 
Correio dos Lagos: Qual é o papel de um médico neurologista?
Wilson Gomes Júnior: A neurologia é uma especialidade em que, após passar pelos seis anos de graduação e dois de clínica médica, o especialista tem que fazer mais dois anos de neurologia, para ser considerado um especialista em doenças relacionadas ao cérebro à mente, como derrame, tumor cerebral, epilepsia, enxaqueca, Alzheimer. Cuidamos desde crianças até idosos, respeitando o tipo de doença que cada um tem. 
 
Correio dos Lagos: Como é trabalhar com os alunos da APAE?

Wilson: Bom, há cinco anos que eu atendo a três APAEs, incluindo a de Anita, onde já trabalho há um ano e meio, por isso todos os pacientes já passaram por mim. Venho aqui uma vez por mês para atender aos pacientes com deficiência intelectual junto a déficits sensoriais, ou não, e que em função deste déficit não conseguiram ser alfabetizados. Muitos aqui têm epilepsia, dificuldades motoras e, por isso, precisam de fisioterapeuta e neurologista. Aqui é um local onde há muitos pacientes para esta especialidade.
 
Correio dos Lagos: Quais são os resultados de seu atendimento aos alunos da escola especial?

Wilson: Há muita diferença do antes e do pós-tratamento, principalmente no que diz respeito ao controle das convulsões, controle da agitação e da agressividade, assim como controle de distúrbios do sono e alimentares. Tudo isso é tratado pela neurologia com o auxílio da medicação, de exames indicados.
 
Correio dos Lagos: Como funciona seu atendimento especializado aqui?

Wilson: Os pacientes fazem uma avaliação cognitiva, na qual é feita uma testagem com perguntas do tipo “Que dia é hoje?”, “Qual é a sua idade?”, “Quem é o presidente do Brasil?”. A maioria dos que estão aqui tem uma deficiência intelectual de moderada a severa, então são pacientes que obtêm um resultado baixo nesse tipo de teste por causa das dificuldades próprias da doença. Após essa avaliação, analisa-se se a indicação de exames e medicação, quando necessário.
O trabalho acontece em conjunto à psicologia, assistência social, fisioterapia e fonoaudiologia.
 
Correio dos Lagos: O que te levou a realizar esse tipo de atendimento nas APAEs?

Wilson: Foi uma solicitação das próprias APAEs, porque sou um dos tipos de profissionais mais indicados a trabalhar no local, como não seria um pneumologista, por exemplo.
 
Correio dos Lagos: Quais são os momentos que mais marcam a vida profissional de um neurologista?

Wilson: A gente fica sensibilizado quando faz um diagnóstico de alguma doença ruim, como a paralisia cerebral de uma criança de um ano, que é trazida porque não está conseguindo engatinhar ou sentar sozinha. Então você pede um exame e vem uma tomografia mostrando uma lesão desconhecida até então. É muito complicado o fato de você ter que dizer para a família “olha nós vamos incluir seu filho em um atendimento porque ele vai ficar com uma sequela que dificultará o seu desenvolvimento neuropsicomotor, por isso ele vai demorar para falar, para caminhar... Isso se conseguir.” A gente sempre espera o tempo passar antes de selar um diagnóstico que parece ruim e que às vezes não é tudo aquilo.
Outro momento que sempre mexe bastante é quando um caso de distrofia muscular é diagnosticado, já que é uma doença que faz com que a pessoa pare de caminhar aos três anos, vá para a cadeira de rodas aos sete ou oito e acaba levando a morte por volta dos quinze ou dezesseis anos por problemas cardíacos. Então são momentos complicados em que às vezes a mãe começa a chorar ao saber do problema de seu filho e que muitas vezes marcam.
 
Coreio dos Lagos: Nesses momentos qual é a importância da família do paciente, na sua opinião?

Wilson: Família envolvida é importantíssimo na questão dos cuidados em casa com a alimentação, administração do medicamento. Aqui na APAE, assim que o paciente chega a gente já consegue perceber se ele tem uma família envolvida ou se não teve a sorte de ter um pai ou mãe solidários com a situação. Felizmente, aqui na cidade, a maioria dos pacientes mostra-se bem cuidada, o que indica que tudo aquilo que era para ser usado em benefício do paciente, como um benefício financeiro, tem sido bem aplicado, mas acontece em vários lugares de os pais usarem o benefício para comprar bebida, cigarro ou outras coisas.
 
Correio dos Lagos: Qual o seu endereço de atendimento em Lages?

Wilson: Meu consultório fica perto da Unimed. Atendemos pelo telefone 3222-5538.
 
Como último recado, o médico espirituoso disse que ficará muito feliz quando a estrada até Campo Belo for asfaltada.
 
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