logo RCN

Há pepinos na lavoura de morangos?

Rumores de que investir em morangos não é um bom negócio afastam agricultores.

 A apresentação do projeto de incentivo ao cultivo de morangos em Anita Garibaldi completou dois anos. Em maio de 2011, uma das primeiras reuniões entre membros da Secretaria de Agricultura anitense, agricultores, representantes do Banco do Brasil e da empresa Pilatti (a qual compra os frutos produzidos no município) mostrou que investir no negócio traria bons resultados aos produtores. No decorrer do projeto, porém, quaisquer subentendidos tornam-se dificuldades explícitas.

Logo durante a primeira safra, o preço de mercado do fruto deixou a desejar, por isso os lucros não foram tão significativos quanto se esperava. Essa questão já levantou alguns rumores de que investir no plantio de morangos não era conveniente, porém com o aumento do preço pago pelo quilo do fruto nas últimas safras ninguém mais tem criticado a cultura, ou quase ninguém, pelo menos.
Do primeiro grupo de produtores que iniciaram o plantio de morangos, apenas três reclamaram do baixo retorno financeiro que tiveram. De acordo com Henrique Menegazzo, engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e responsável por acompanhar o projeto, esses três casos de descontentamento não respondem pela maioria dos investidores. “Este projeto é, sem dúvida, lucrativo e todos estão satisfeitos com os resultados obtidos até agora, com exceção de três produtores que tiveram que pagar pela mão de obra para trabalhar na lavoura”, disse Henrique.
Uma das principais questões levantadas para que os produtores tenham o retorno previsto é que trabalhem com a cultura através do sistema de agricultura familiar, evitando gastos com a contratação de pessoal para trabalhar na colheita, principalmente durante os meses de baixa produção. Por isso, a secretaria de agricultura ressalta que, embora qualquer um que se interesse possa participar do projeto, os agricultores familiares são os que melhor se encaixam nos objetivos do plano de cultivo. O agricultor Edson de Matos, que também trabalha com a produção de leite em sua propriedade, além de ter uma atividade na cidade, garante que vale a pena investir na cultura. “Agora, a produção de morango está baixa, porém o preço para a venda está alto, por isso acaba compensando”, disse Matos.
Dos que têm o campo como a principal (senão a única) fonte de renda e que trabalham com o cultivo familiar, apenas um deles abandonou a lavoura, uma vez que o número de mudas plantadas foi muito grande, e a contratação de mão de obra externa seria necessária para dar continuidade à produção. Esse fato mostra que não é o número de pés de morango que fará o negócio dar certo, mas sim o planejamento, que pode ser feito com a ajuda dos técnicos da Secretaria. 
Durante esses primeiros anos, alguns imprevistos surgiram, como a estiagem prolongada que resultou na queda da produção. Essas questões exigiram atenção redobrada dos agricultores, os quais, em algumas situações, requisitaram ajuda da Secretaria de Agricultura, a qual abriu valas para armazenar água destinada à irrigação dos pés. Outros empecilhos complicaram, de modo localizado, o transporte da produção pelas estradas em alguns pontos do interior do município, ou o acesso da lavoura até a via principal, como na propriedade do senhor Antônio Vilmar de Almeida, o qual, por vezes, precisou carregar, por mais de cem metros, centenas de caixas de morango da lavoura até a estrada, a fim de salvar a produção e evitar que os frutos, facilmente perecíveis, estragassem.
Entretanto, nota-se, sem sombra de dúvidas, o esforço contínuo dos envolvidos para facilitar ao máximo uma boa produção, com poucas perdas, frutos de qualidade e; óbvio, lucratividade que estimule os envolvidos a manter o negócio.
A instalação de uma câmara de refrigeração às margens da SC-390, custeada pela empresa Agrícola Pilatti, mostra que investimentos e mudanças ainda são feitos para que qualquer problema que surja seja resolvidos.
Durante os últimos dois anos, visitas de técnicos às propriedades sempre foram feitas para acompanhar o desenvolvimento das plantações caso a caso, o que resultou, também, em muitas reuniões para apresentar os números que envolvem as plantações e para discutir sobre os imprevistos que surgiram.
Perante o atual sucesso do projeto, cada vez mais interessados procuram implantar a cultura em suas propriedades. Este ano, além dos que já estão renovando suas lavouras, há um grupo de dez novos produtores interessados no cultivo, um aumento que indica a inexistência de grandes “pepinos” na cultura de morangos na região. “A realidade é que quem cuida bem, produz bem; mas quem cuida mal, produz mal”, disse o engenheiro Henrique. 
 
Projeto de piscicultura apresenta excelentes resultados Anterior

Projeto de piscicultura apresenta excelentes resultados

Governo municipal entrega novo trator à Associação de Agricultores da Vila Petry Próximo

Governo municipal entrega novo trator à Associação de Agricultores da Vila Petry

Deixe seu comentário