Acabo de ler um livro intitulado Ler o Mundo. O mesmo registra vários artigos publicados em jornais. Estimula para a leitura, sobretudo como um processo que não esgota com o domínio dos códigos linguísticos. Na verdade, o ato de ler constitui uma janela aberta ao fortalecimento da cidadania. Possibilita e aprofunda a capacidade de “ser no mundo”.
Ao deparar com o título desse livro, num primeiro momento, lembrei-me de Paulo Freire. O professor enfocava, em sala de aula e em seus livros, esta questão – “leitura de Mundo” -, com ênfase, esperança e espírito crítico. Um ponto de partida e de chegada, como essência, no processo de alfabetização de crianças, jovens e adultos. Isso, quando se cultiva a clareza de que a leitura de mundo já inicia mesmo antes da vivência escolar.
Na escola básica, na universidade, ou mesmo fora da escola, a leitura da palavra jamais poderá significar uma ruptura com o ato de ler o mundo. E sabemos que o mundo tem muito para ser lido.
Quando se faz alusão a crianças e jovens chegando ao final e até extrapolando a educação básica escolar sem saber ler ou escrever. Cabe refletir “com eles e por eles” até que ponto foram estimulados a ser sujeitos críticos e criativos no processo como um todo. Inclusive, qual o conceito de alfabetização, de leitura, cultivada por seus professores? Até que ponto entenderam e praticaram a educação, a alfabetização, a leitura de mundo sob a visão da não neutralidade?...
Enfim, basta mantermos abertos nossos olhos e aguçarmos nossa consciência crítica para “lermos” as artimanhas em tudo o que vem ocorrendo por aí. E são muitas as inquietações, as quais exigem respostam emergentes na política, na educação, na saúde pública, etc. Ficar á margem dos fatos significa assumir a ingenuidade ou mesmo (quem sabe?) a astúcia de poderosos e falsos líderes...
Referência:
SILVA, Maria Aparecida Lemos. Ler o Mundo. Diário Catarinense. Florianópolis, 30 de junho de 2012.
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