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Problemas na ciência

 Ninguém em sã consciência duvida que a ciência  funcione. As provas, ainda que indiretas, estão por todos os lados, dos fornos de micro-ondas aos antibióticos. Se nossas teorias físicas e bioquímicas estivessem muito erradas, não teríamos chegado a esses produtos. 

Dessa constatação não decorre, é claro, que essas atuais práticas dos cientistas sejam as mais adequadas.
Numa excelente reportagem publicada na semana passada, a revista “The economist” faz um apanhado das coisas que não estão dando certo na ciência. Destaca desde a vulnerabilidade dos “jounals” a artigos ruins ou errados até aplicabilidade dos principais estudos. É preocupante. Um outro ponto central da ciência é o de um experimento qualquer, se repetido em idênticas condições, produzirá os mesmos resultados. É isso que garante sua objetividade e a distingue da bruxaria. E aplicabilidade é baixa mesmo no caso de trabalhos de alto impacto.
E há outros problemas. Para citar apenas um, experimentos que dão resultados negativos, em que pese serem epistemologicamente muito mais interessantes que os positivos, quase nunca  são publicados.
A “Economist” atribui parte do problema à cultura de “publish or perish” (publique ou morra). Num contexto em que cada vez mais pessoas tentam a sorte na ciência disputando verbas escassas e posições nas universidades, não chega a ser uma surpresa que muito mais peças duvidosas cheguem à ponta final. É uma situação que estimula sensacionalismo, carreirismo e até fraudes. O antídoto par isso seria justamente a reprodutibilidade, que ajudaria a separar o lixo daquilo que presta. O problema é que poucos se interessam em refazer pesquisas alheias, já que isso não soma pontos na carreira.
Seria exagero afirmar que a ciência está em crise, mas já passa da hora de as pessoas e instituições envolvidas tentarem aprimorar o sistema, tornando-o mais racional e eficiente. 
 
Referência:
 SCHWARTSMAN, Hélio. Problemas na ciência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2 de novembro de 2013. 
 
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