Quem somos? Onde estamos? De onde viemos?

Quem somos? Onde estamos? De onde viemos? Para onde vamos? O que é o mundo? Quem sou eu? Como viver bem? Por que existo? Por que estamos aqui, neste mundo? Para que viver? Qual o sentido da vida? Existe vida após a morte?

Além dos conceitos- Immanuel Kant (1724-1804) resume o que julgava ser as perguntas filosóficas mais importantes: 1) Que posso saber? (os limites e as possibilidades do conhecimento humano); 2) Que devo fazer? (a questão da ética, imperativo categórico, o dever ser orientado para universidade; agir sempre pensando no bem-estar toda a humanidade; 3) O que me é permitido esperar? (a questão da fé e da esperança de uma vida após a morte; a problemática da vida eterna); 4) O que é o homem? Para o autor, essa última pergunta representa uma síntese de todas as outras questões.

Respondê-la, parece não ser uma tarefa fácil. Por outro lado, precisamos compreender, minimamente, quem é o ser humano? O que ele pode e deve ser? Pois não há uma ação humana que não implique uma compensação prévia, alguma concepção de ser humano.

Ao longo da história, diferentes conceitos e definições sobre o ser humano foram elaborados por inúmeros pensadores de diferentes áreas do conhecimento. Um animal racional e político, um ser falante. Um animal de duas patas sem penas. Um animal que pensa, julga, trabalha e cria. Um ser religioso, que busca sentido em tudo o que faz. Um ser que joga, brinca e se diverte, para não enlouquecer. Um ser livre, que produz cultura e transforma o mundo a partir de projetos. Uma paixão inútil. Um ser para a morte; um projeto infinito. Uma criatura que se recusa a ser o que é. Um ser que tem fome de pão, sede de água e beleza.. Uma abertura para transcendência... Sapiens e demens... O homem é o lobo do homem; poético e prosaico; condicionado, mas não determinado; um ser histórico, que se relaciona com o outro e se inter-relaciona com o mundo e com o infinito.

Mas, afinal, quem é o ser humano? Um paradoxo, um ser ambivalente (bem e mal, lucidez e loucura, amor e ódio, imanência e transcendência), um processo em contínuo desenvolvimento, possibilidade infinita, um desejo de sentido, um ser sempre insatisfeito, que sempre quer mais; que nada o realiza por completo. "Em cada ponto de sua vida, ele ainda é o que pode ser e o que ainda pode vir a ser" (Erich Fromm).

Talvez seja a possibilidade de ser mais a dimensão que marca a principal diferença entre os seres humanos e os animais, não negando a inteligência ou emoção desse último. O intento é chamar a atenção para a abertura, presente em cada pessoa, que possibilita educar-se e se aperfeiçoar continuamente. Somos eternos aprendizes, seres inacabados...

O animal é prisioneiro de um instinto natural e, ao nascer, já é tudo o que pode ser. Os animais são privados da liberdade e da capacidade de se aperfeiçoar, são perfeitos de imediato, desde o nascimento. Os seres humanos possuem a faculdade de se aperfeiçoar ao longo de sua vida e, se tiver acesso à educação e aos bens culturais, poderá realizar, na história e no tempo, seu projeto de ser sempre mais. De humanizar-se na relação com o mundo, com os outros e com o absoluto.