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Rebelde em 2010, Andrino quer PMDB na aliança com Colombo

Deputado Edison Andrino bateu chapa em 2010 para evitar aliança com Colombo. Agora diz à Agência Adjori que reeleição ?é compromisso?

 Talvez ninguém no PMDB esteja mais à vontade para apoiar a continuidade da aliança com o governador Raimundo Colombo para a reeleição. Em 2010, três dias antes da Convenção do partido, o deputado Edison Andrino enfrentou no voto a decisão do partido de se coligar com o PSD e com o PSDB porque queria candidatura própria. Fez 30% dos votos e acatou a decisão da maioria, partindo para a campanha de Raimundo Colombo e tendo consciência de que o acordo previa a reeleição em 2014. 

“Hoje o PMDB é governo. O PMDB não está no governo. O PMDB é governo. Tem o vice-governador, tem secretarias importantes, como Obras, Saúde. Eu tive a oportunidade de ser líder do Governo aqui por quase dois anos, o líder do Governo hoje é o deputado Aldo Schneider, do PMDB”, diz o deputado nesta entrevista à Agência Adjori (leia a íntegra abaixo), que coloca uma questão para os correligionários: “Aí eu te pergunto: como é que você vai encerrar, cortar esse ciclo agora? Como é que você vai fazer? Eu acho que não dá pra fazer isso. Na realidade a gente fez um projeto e os que votaram concordaram, e os que não votaram também, como no meu caso, mas apoiamos depois, nós entramos nesse projeto. Estou convicto de que este projeto tem que ter continuidade no mínimo por outro mandato. Mesmo porque ninguém se iluda: hoje a candidatura com mais possibilidade eleitoral, e bem mais, é a do governador Raimundo Colombo”.

O hoje deputado estadual Edison Andrino faz parte da história do MDB e do PMDB. Nos anos 70, fez parte da fundação do partido em Florianópolis e foi o primeiro prefeito eleito da Capital depois da queda da Ditadura. Antes, em 1982, já tinha conquistado um mandato de deputado estadual e depois foi eleito quatro vezes deputado federal, retornando a Assembleia em 2008. Com a autoridade de 33 anos de mandatos eletivos, ele é incisivo: “Romper agora [com o governador] eu acho que seria suicídio. Suicídio eleitoral e com a grande possibilidade de devolver o Governo do Estado para os nossos adversários históricos”. Leia a entrevista:


Agência Adjori - Grandes lideranças do partido, como o senador Luiz Henrique, o senador Casildo Maldaner e o presidente do PMDB e vice-governador Eduardo Pinho Moreira têm defendido a manutenção da aliança com o governador Raimundo Colombo, considerando que este é o caminho mais seguro para o partido voltar ao Governo futuramente. Como o senhor vê essa posição?

Andrino - Sobre esse assunto, eu tenho me manifestado aqui nas reuniões do partido de maneira muito cômoda, porque no início quando foi feito este projeto, que era o projeto da sucessão da administração do Luiz Henrique eu discordei, achei que o candidato a governador para suceder o governador Luiz Henrique, que tinha sido um bom governador, teria que ser do PMDB. Naquele momento foi elaborado um projeto que seria a continuidade do governo, através da candidatura do na época senador Raimundo Colombo. E eu não concordei e tive uma posição até bem radical e coloquei o meu nome e disputei a Convenção do partido, fiz 30% dos votos. Isso que eu coloquei o meu nome três dias antes da eleição. Muitos delegados não vieram votar, e naquele momento eu abri mão dessa minha candidatura para o deputado Mauro Mariani, que ele tinha mais possibilidades eleitorais, tinha sido o federal mais votado do Estado de Santa Catarina e o Mauro não aceitou. Num primeiro momento ele até ficou de ver, mas não aceitou depois. Na realidade o Mauro e o próprio ex-prefeito Dário Berger votaram no Colombo para ser candidato a governador, não votaram em mim que era a alternativa da candidatura do PMDB. Então esse projeto foi aprovado pela grande maioria dos peemedebistas e eu tenho um bom relacionamento pessoal com o governador Raimundo Colombo e sou do PMDB, eu entrei na campanha, ajudei o governador, ajudei a coordenar a campanha aqui na Grande Florianópolis, para falar a verdade paguei um preço por essa minha posição de defender uma candidatura própria dentro do partido, mas, fomos para o governo. Hoje o PMDB é governo. O PMDB não está no governo. O PMDB é governo. Tem o vice-governador, tem secretarias importantes, como Obras, Saúde. Eu tive a oportunidade de ser líder do Governo aqui por quase dois anos, o líder do Governo hoje é o deputado Aldo Schneider, do PMDB. Aí eu te pergunto: como é que você vai encerrar, cortar esse ciclo agora? Como é que você vai fazer? Eu acho que não dá pra fazer isso. Na realidade a gente fez um projeto e os que votaram concordaram, e os que não votaram também, como no meu caso, mas apoiamos depois, nós entramos nesse projeto. Então eu acho que este projeto tem que ter continuidade no mínimo por outro mandato. Mesmo porque ninguém se iluda: hoje a candidatura com mais possibilidade eleitoral, e bem mais, é a do governador Raimundo Colombo. O PMDB tem dificuldade de ter um candidato com visibilidade, com possibilidades eleitorais, até pelas circunstâncias, a não ser o Luiz Henrique, que diz claramente que não pretende disputar a eleição. Então o que eu defendo? Eu defendo que nós tenhamos que fazer um projeto para 2018, quando o PMDB vai colocar o candidato a governador e pelo compromisso o Colombo será candidato a senador. Aí sim tem que haver um compromisso do PMDB voltar a disputar a eleição de governador do Estado de Santa Catarina, porque para nós é muito complicado você sair do Governo e reclamar do Governo. Porque se a gente reclama do governo, que a Saúde não deu certo, que a Administração, que as obras não andaram, nós estamos reclamando de nós mesmos. Porque nós é que somos Governo, não é só o Colombo que é Governo. Bem verdade que a gente tem problemas localizados, pontuais, com algumas lideranças do PSD, que desagradam companheiros de partido. Eu essa semana tive a oportunidade de reclamar que um evento aqui em Florianópolis na área da Pesca, à qual sou vinculado como ninguém aqui na Assembleia, nem fui convidado, mas isso são assuntos menores que você não pode comprometer um projeto político em cima dessa varejada que está por aí. Então eu creio que a nossa alternativa hoje, e eu sempre tive uma posição diferente quando era para suceder o Luiz Henrique. E eu quero fazer um alerta muito grande aqui, o de que nós fizemos um projeto pra não deixar os nossos adversários históricos voltarem para o governo, a questão do PP, particularmente do deputado Espiridião Amin, a ex-deputada Ângela Amin. O acontece agora que, se o PMDB sair do Governo, quem me garante que o grande parceiro do Colombo não vai fazer aliança com a família Amin? E aí nós fizemos um projeto para colocar o Amin no Governo de novo? E não é só o PP. Quem me garante que essa do Paulo Bauer, que é uma candidatura com dificuldade se o PMDB sair, quem é que me garante que o PSDB não vem, não se aproxima, e fica o PMDB aí, tentando coligar com o PT. Eu tenho uma experiência própria. Eu fui prefeito com o PT. O PT usa muito as outras candidaturas. A Ângela Albino aqui em Florianópolis é uma referência. A Ângela Albino foi candidata com o PT de vice. Largaram a Ângela na metade da estrada. A situação nossa nacional é muito complicada com o PT, além dessas questões de denúncia, de corrupção, agora mesmo o PMDB rompeu praticamente a grande liderança, ou a liderança do PMDB na Câmara que é o Eduardo Cunha, junto com mais 200 deputados, romperam com a Dilma, pediram uma investigação na Petrobrás, esse quadro nacional também é complicado e por incrível que pareça o quadro nacional é complicado, mas eu não vejo o Mauro, eu não vejo o Valdir Colatto, que são companheiros pelos quais tenho o maior respeito, eu não vejo eles querendo uma candidatura própria a presidente da República do PMDB. Por que? Então eu acho que o momento, é um momento de unidade do partido, de se buscar uma solução de cabeça fria, pensando, porque nós temos grandes possibilidades de voltarmos ao Governo em 2018, desde que a gente tenha inteligência para dar continuidade a esse projeto político. 


Agência Adjori - Nesse momento então deputado, conforme sua posição, está descartada qualquer possibilidade de candidatura própria?

Andrino - 
Eu acho que o PMDB, primeiro, vai se isolar, vai ficar sozinho nesse processo. Os outros partidos já estão se aliando ao Governo, o PDT já declarou, o PR declarou o apoio à candidatura do Colombo. Hoje o governador Colombo é o que tem mais possibilidades eleitorais, mesmo porque tem mais possibilidades porque está coligado com o PMDB. O PMDB está ajudando a governar. Então eu creio que é hora de a gente pensar muito. Eu sei que todos nós queremos candidatura própria. Se você fizer uma consulta às bases hoje, para quem o PMDB quer votar para presidente e para governador, todo mundo quer votar no 15 para presidente e para governador. E por que não se vota no 15 para presidente? Porque a gente não vê visibilidade de vitória a nível nacional, e no Estado a gente está na mesma situação. Porque a gente não se preparou. O Dário, que é um dos candidatos, perdeu feio em Florianópolis, tomou uma surra em São José. Então, nós estamos numa situação muito difícil neste processo.


Agência Adjori - Como o senhor vê o futuro do PMDB catarinense, depois desses 12 anos em que o partido se fortaleceu e fez parte das alianças vencedoras das eleições ao Governo?

Andrino - O Luiz Henrique foi um bom governador. Uma prova é que eu defendi uma candidatura de continuidade do PMDB. O Lula foi um bom presidente durante oito anos, ele fez um sucessor do PT. Mas nós, e de repente o Luiz Henrique é um bom articulador, ele podia estar certo. De repente se nós insistíssemos numa candidatura nossa não teríamos a possibilidade de fazer esse grande leque de aliança que nós fizemos, mas nós fomos para o Governo, elegemos um número importante de prefeitos agora graças também à participação do Eduardo Moreira, que tem apoiado muitos companheiros de partido, que tem ajudado na parceria com prefeituras junto com o governador Colombo. Então, na realidade, eu não vejo outra alternativa agora, se não continuar isso. Continuar isso, aí eu quero reafirmar aqui, num projeto de que, assim como nós assumimos um compromisso, para o Colombo ser senador, para o Colombo ser governador, na reeleição do Colombo agora acho que tem que haver um compromisso do outro lado de, daqui a quatro anos, o governador, que provavelmente vai querer ser senador, se afaste, assuma o vice e assim nós temos uma série de alternativas de buscar um candidato a governador do PMDB, apoiado também numa grande frente. Romper agora eu acho que seria suicídio. Suicídio eleitoral e com a grande possibilidade de devolver o Governo do Estado para os nossos adversários históricos.


Agência Adjori - A possibilidade desse acordo, desse compromisso, é concreta, deputado?

Andrino - 
De todos os que estão militando na política, eu sou o mais velho peemedebista. Não sou mais velho de idade. O partido vai fazer neste ano 48 anos de existência, e eu tenho 48 anos de partido. Disputei uma eleição com 19 anos quando o partido foi criado. Estou com 35 anos de mandato, entre vereador, deputado estadual, prefeito da Capital, depois deputado federal e agora estou na Assembleia de novo. Eu acho que o governador tem tudo pra assumir este compromisso conosco. Primeiro, porque o PMDB vai fazer uma grande bancada de deputados estaduais e deputados federais. E o governador Colombo sempre fala que ele só foi governador por causa do PMDB. Eu acho que ele vai ter este gesto de gratidão. Agora, claro, nem todo mundo do partido dele pensa como ele. Mas quem é o grande timoneiro? É quem governa o Estado. E aí tem que haver interferência do Luiz Henrique, do próprio Eduardo, que tem sido um parceiro muito grande. Então eu creio que às vezes você não tem naquele momento uma vitória eleitoral do teu partido, com uma candidatura própria, mas tem uma vitória política a médio e longo prazo. O que eu vejo hoje também, é que ninguém ganha uma eleição hoje sem coligação, e o PMDB nesse momento tem muita dificuldade de coligar. O que acontece é o seguinte: sempre fui tido como um cara radical do partido, pelas minhas posições na Ditadura e minha posição histórica. Já tive alguns problemas de relacionamento político, não pessoal, com o ex-governador Luiz Henrique. Só que nesse momento, eu sei que se perguntar para qualquer militante do PMDB ele quer votar no 15. Pergunta para o PT, ele quer votar no 13. Pergunta o PP, ele quer votar no 11. Mas o momento da continuidade disso era há quatro anos. Não se viabilizou. Agora nós temos que ter sensibilidade e paciência para elaborarmos outro projeto e para que isso tenha êxito, e eu te diria pela minha experiência, tem que dar continuidade a esse governo. Senão nós vamos ficar falando sozinhos. Falando de nós mesmos que estamos governando o Estado de Santa Catarina.

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