Jornalista concedeu entrevista à Agência Adjori de Notícias e ressaltou o papel da imprensa nas comunidades do interior.

 Antes de querer mudar o mundo, mude a realidade da sua rua. A frase foi dita pelo jornalista Roberto Francisco Cabrini em entrevista concedida com exclusividade à Agência Adjori de Notícias nesta quinta-feira (8), durante a sua participação no 15º Congresso de emissoras de rádio e televisão, promovido pela Acaert Santa Catarina. Cabrini atua há pelo menos 30 anos como jornalista investigativo. Atualmente, é editor chefe e apresentador do programa Conexão Repórter, exibido pelo SBT.

A base do jornalismo, diz Cabrini, está na comunidade, representada pelos pequenos veículos de comunicação. Para ele, dar prioridade àquilo que realmente será de interesse das pessoas tornou-se o bem mais precioso na atividade de informar o público. “O jornalista que não combate as injustiças dentro da sua própria comunidade, será um profissional facilmente manipulado no futuro”. O trabalho jornalístico, diz ele, começa por conhecer a fundo a realidade da sua rua, do seu bairro, da sua cidade. Começa por entender aquilo que diz respeito aos seus amigos, à sua família, à sociedade que vive num determinado local. Somente depois de ter este conhecimento de causa é que será possível tratar de forma adequada cada problema, evidenciado através da busca pela informação correta. “Faça um grande trabalho comunitário e você estará bem equipado para voos mais altos”, diz ele.

Ousadia com responsabilidade, segundo Cabrini, é o que a sociedade espera dos jornalistas. Para ele, o papel do comunicador é questionar os problemas do país, começando pelas dificuldades encontradas em seu próprio bairro. “Não há mais tempo para recuos e medos. É preciso avançar”, afirma.

Questionado sobre a formação de profissionais para o mercado de trabalho, Cabrini não deixa de ressaltar a importância da titulação acadêmica. Entretanto, é convicto ao destacar a experiência de atuação nos pequenos veículos de comunicação, onde, segundo ele, o profissional enfrenta as mais diversas situações. São justamente estas condições que exigem dedicação, demonstrando até que ponto o profissional está disposto a se tornar um jornalista de sucesso. “Nada substitui uma grande experiência no pequeno veículo de comunicação”, diz ele, sobretudo fazendo uma referência aos veículos que atuam em cidades do interior do estado.

Cabrini revela ainda que é o veículo de pequeno porte que costuma formar os maiores e melhores profissionais. “Não é a única forma, mas eu costumo dizer que é uma das mais eficientes”, diz. Neste caso, ele mesmo se coloca como exemplo devido ao fato de ter começado em um pequeno veículo e alcançado grandes estruturas de comunicação.

Outro ponto evidenciado por Cabrini, é a busca incessante pelo conhecimento. Quanto mais o profissional acrescentar em sua formação, mais benefício terá ao desenvolver a atividade jornalística, que, para ele, se dá por meio da interpretação de várias áreas do conhecimento humano. “Quanto melhor se equipar, quanto mais se preparar, melhor será a atuação”. Porém, tudo começa com um bem que, para ele, deve ser básico a qualquer profissional de comunicação: a sensibilidade, a percepção jornalística diante dos acontecimentos.