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Sete em cada dez brasileiros assumem gastos extras em função da Copa

Pesquisa SPC Brasil aponta que refrigerantes, salgadinhos, churrasco e cervejas estão no topo da lista de gastos.

 De que forma os brasileiros estão vivenciando a Copa do Mundo em seu país? O que representa essa experiência para o consumo? Onde e como os torcedores estão assistindo aos jogos e, como preferem gastar seu dinheiro durante as confraternizações? O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) foram a campo para avaliar o grau de engajamento do brasileiro durante a realização da Copa do Mundo no Brasil e descobriram que a maior parte pretende, de alguma maneira, aumentar o consumo no período de competição.

 

De acordo com a pesquisa realizada com 2.558 consumidores nas 12 cidades-sede, 72% dos entrevistados têm a intenção de assumir gastos extras durante a Copa do Mundo, principalmente com alimentação e bebidas, a fim de acompanhar os jogos na companhia de amigos e familiares. Segundo estimativa do SPC Brasil, esse percentual representa pouco mais de 14 milhões de pessoas se consideradas apenas as 12 capitais que recebem partidas do mundial.

 

Levando em conta os itens mais citados da lista de intenção de compras, em primeiro lugar aparecem os refrigerantes (84%), seguidos pelos salgadinhos e tira-gostos (50%), churrasco (40%) e cervejas (39%). Os brasileiros também pretendem ter gastos extras com roupas e acessórios temáticos, como uniformes da seleção, camisas com as cores do Brasil, bonés, bandeiras, cornetas e vuvuzelas, lembrados por 45% da amostra. Em seguida, vêm os gastos com decoração (40%), apostas em bolões (29%), despesas com assinatura de TV a cabo (20%) e aquisição de novos aparelhos de TV (19%).

 

Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o levantamento constata que o aumento de gastos do brasileiro no período da Copa é restrito a setores específicos da economia, como supermercados (alimentação e bebidas), serviços de bares e restaurantes e produtos temáticos. "O mundial impulsiona a economia, mas de modo muito concentrado. Enquanto alguns setores do comércio e serviços devem lucrar com o aumento da procura, outros como os bens de maior valor agregado devem registrar prejuízos. A Copa do Mundo não aquece a economia como um todo", explica Pellizaro Junior.

 

Um exemplo que confirma a tese de que os gastos no período do mundial são, em geral, de ticket médio mais baixo, é que o dinheiro prevalece como forma de pagamento mais comum entre os que consomem comidas e bebidas (53%), roupas e acessórios temáticos (46%) e itens de decoração (71%). O cartão de crédito parcelado é mais presente dentre aqueles que têm a intenção de comprar aparelhos de TV, com 53% de preferência.

 

 

Sinônimo de confraternização

 

De acordo com o estudo, 83% dos entrevistados disseram que assistiram ou assistiriam pelo menos uma partida do mundial, sendo que 59% pretendiam ver não apenas os jogos do Brasil, como também os de outras seleções.

 

Para a maioria dos brasileiros, assistir aos jogos da Copa do Mundo significa estar na companhia de amigos e familiares, tanto que seis em cada dez consumidores ouvidos (58%) revelaram a intenção de assistir a alguma partida em casa, reunidos com outras pessoas. Quase um quarto dos entrevistados (23%) disseram preferir ver as partidas em bares, restaurantes ou ambientes similares e 9% nos próprios estádios.

 

Dentre os entrevistados que adquiriram entradas para assistir as partidas direto da arquibancada, 23% o fariam longe de seus locais de origem, sendo as cidades de Fortaleza (40%), Rio de Janeiro (39%), Belo Horizonte (27%) e São Paulo (24%) como os principais destinos. Não por acaso, cidades escaladas para receber jogos da seleção brasileira, além da partida final.

 

 

Descontrole dos gastos

 

O SPC Brasil também perguntou aos moradores das cidades-sede se eles teriam feito alguma reserva financeira para lidar com os gastos extras do período e apurou que 58% não fizeram qualquer tipo de planejamento, principalmente, por entenderem que as despesas não seriam altas ao ponto de comprometer as próprias finanças. Outros 27% afirmam ter feito uma reserva para cobrir os gastos e 9% admite que acabará gastando mais do que efetivamente pode.

 

"Muitas vezes, no calor das comemorações, o consumidor não se preocupa com os pequenos gastos com souvenires e bebidas, que acumulados, podem comprometer o orçamento. Se você gastar, por exemplo, R$ 50,00 em cada partida que for assistir e em cada bolão que for participar, o prejuízo pode ser significativo", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

 

Outra dica da economista é fazer um acordo com os amigos e familiares antes de assistir aos jogos, definindo a quantidade de pessoas que irão comparecer e também sobre quais itens cada um ficará responsável por levar. Assim todos aproveitam os jogos, sem prejuízo para nenhum lado.

 

 

Preços mais salgados

 

Há uma percepção generalizada pelos consumidores ouvidos no levantamento de que houve aumento nos preços praticados pelos comerciantes e prestadores de serviços. Com relação às casas noturnas, restaurantes e bares, por exemplo, o percentual chega a 78%, 80% e 81% da amostra, respectivamente. Outro setor com percepção de aumento expressivo é o de supermercados, lembrados por 57% dos entrevistados. Considerando hotéis e pousadas, o percentual é ainda maior e chega a 93% da amostra.

 

"A alta de preços verificada nesse período está muito ligada ao crescimento da demanda e atinge itens específicos e ligados ao contexto do mundial. Após o fim do evento, provavelmente, haverá um arrefecimento. O aumento dos preços é mais um sinal de alerta para o brasileiro consumir com consciência nesse período", explica Marcela Kawauti.

 

 

Melhor do que o esperado

 

Vai ter mesmo Copa do Mundo no Brasil? A poucas semanas do mundial de 2014, essa pergunta ainda rondava as redes sociais e pautava os principais veículos de imprensa, sintetizando certo pessimismo e desconfiança em relação à capacidade do Brasil em organizar um evento deste porte. Passada algumas semanas, o engajamento das pessoas ficou evidente nos estádios e em seus entornos, nas ruas, nos bares e restaurantes das cidades escolhidas para receber as partidas do mundial.

 

Segundo a pesquisa, 41% dos brasileiros são favoráveis à realização da Copa do Mundo no Brasil, sobretudo, os moradores de Manaus (56%) e Natal (55%). Outros 19% são indiferentes e 38% contrários a sua organização. Os que menos apoiam a realização da Copa são os portoalegrenses (46%), belorizontinos (44%), curitibanos (44%) e paulistanos (43%).

 

Apesar do equilíbrio entre as opiniões, mais da metade dos entrevistados (53%) disseram estar bastante envolvidos com a competição, considerando sua vivência e a participação no evento. Moradores de Recife (61%) e Manaus (59%) são os mais participativos e os de Belo Horizonte (44%) e de Porto Alegre (46%), os menos motivados com a Copa.

 

Quando estimulados a avaliar a Copa do Mundo de zero a 10, metade da amostra atribuiu nota igual ou superior a sete para o mundial, com destaque para os residentes de Manaus (70%) e Natal (71%). Os menos entusiasmados são os moradores de Belo Horizonte e Curitiba, com 29% e 26%, respectivamente, atribuindo nota que varia entre um e quatro para a competição.

 

Para 41% dos entrevistados a realização da Copa superou as expectativas, principalmente para os residentes de Manaus (54%) e Natal (53%). Por outro lado, 21% dos paulistanos e 14% dos cariocas pensam que o mundial está abaixo do esperado. "A perda de fôlego das manifestações e das greves durante a Copa, assim como poucos registros de ocorrências graves contribuíram para a melhora do humor do brasileiro", explica Pellizzaro Junior.

 

 

Metodologia

 

A pesquisa teve como objetivo mapear as expectativas, primeiras impressões e identificar alterações nos padrões de consumo em função do mundial da FIFA. Para isso, o SPC Brasil e a CNDL ouviram 2.558 pessoas de ambos os sexos, de todas as classes sociais e acima de 18 anos entre os dias 13 e 18 de junho (primeira semana do mundial) nas 12 cidades-sede. A margem de erro é de no máximo dois pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.

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