Felicidade é a soma de momentos felizes, e momentos felizes são aqueles em que nos sentimos vivos, amados, compreendidos, abençoados pelo bem.
O convite para falar a um grupo de psicanalistas sobre este tema me provocou questionamentos: o que é felicidade? A princípio, para uma plateia dessas, concluí que a velha fórmula de apresentar filmes publicitários não seria suficiente, precisaria ser mais profundo. Meu desafio era compreender e transmitir de que forma as marcas participavam ou não da vida das pessoas. O exercício e a palestra foram uma experiência gratificante e diferente: pensar a partir das pessoas, dos seus vazios emocionais – a causa da boa parte das euforias consumistas.
Refletir por que a necessidade de beber água acaba gerando o desejo de tomar um refrigerante gelado. As palestras sempre concedem mais ganhos para o palestrante do que para a plateia. Cresci escutando meu pai dizer: “quem ensina, aprende duas vezes”. Sabia que não poderia inundar minha apresentação de teorias, gráficos, setas. Era necessário ir mais fundo, porque a vida de todos é feia de verdades. Queiramos ou não os impactos das circunstâncias em nenhum momento deixam de ser capturados pelo nosso radar. O inconsciente está gravando tudo e muitas de nossas respostas vêm dele.
O 31 de dezembro é a maior expressão de busca coletiva de esperança. Ou você conhece alguém que tenha pedido para que não aconteça nada de melhor no ano vindouro? Felicidade é a soma de momentos felizes, e momentos felizes são aqueles em que nos sentimos vivos, amados, compreendidos, abençoados pelo bem.
Quem disse que as pessoas estão comprando o que é produzido nas fábricas? Elas compram a esperança de serem vistas num carrão, de terem mais carinho e boas conversas dentro de uma cozinha, a qual por sinal, segundo pesquisas, é o mais importante espaço da casa. As pessoas compram. No final do dia o que vale são os afetos que damos e recebemos. Está na hora de a propaganda construir mais significados para as marcas, transformando-as em instrumentos, palcos para que as pessoas possam fazer acontecer seus desejos, sonhos e uma menor solidão
A primeira coisa que ficou clara para mim era que falar sobre a felicidade precisava compreender que uma vida sem significados é como um deserto árido. Não respira, não se emociona, não constrói afetos. As relações mais do que ocupar o tempo são o verdadeiro alimento da alma e do coração.
”Há dois tipos de tolos: os que não duvidam de nada e os que duvidam de tudo”.
Referência:
SATT, João. Somos felizes o tempo todo? Diário Catarinense, Florianópolis, 28 de outubro de 2013.
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