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Varejistas brasileiros debatem e-commerce no Big Show, em Nova Iorque
Cerca de 1.500 empresários brasileiros do setor estão participando, liderados pelo presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior
New York está sediando o maior evento do comércio varejista do mundo, a NRF Big Show 2014. Liderados pelo presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o catarinense Roque Pellizzaro Júnior, 1.500 empresários brasileiros do setor estão presentes no encontro. É a segunda maior delegação internacional.
No domingo, segundo dia de atividades, foram apresentadas as primeiras palestras. Como já ocorreu no ano passado, todas as palestras previstas estão sendo traduzidas para o português. As apresentações continuam focadas em tecnologia de comércio móvel e redes sociais. Por esta razão, os participantes da CNDL foram orientados a assistir apresentações que guardam maior relação com o ambiente de negócios no varejo brasileiro e com o objetivo de gerar ideias que possam ser imediatamente aplicadas no atual ambiente de negócios brasileiros.
A primeira apresentação teve por título “À Frente da Corrida: Estratégias para Vencer a Concorrência”. Os presidentes de duas empresas brasileiras, a Puket e a Chilli Beans, mostraram como essas empresas evoluíram e como conseguiram se firmar no mercado local. Nos dois casos, o enfrentamento da concorrência se deu através de inovação e aumento de produtividade.
Em seguida, todos os participantes assistiram uma Super Session, com o título “Reimaginando a principal rua de comércio: como as lojas físicas poderão prosperar no século 21”, palestra realizada no novo North Hall, inaugurado no ano passado, capaz de contar mais de 10.000 assistentes. A apresentação teve por objetivo demonstrar como as grandes organizações americanas estão ajudando nos esforços que as comunidades estão fazendo para revitalizar os centros das cidades.
Os palestrantes indicaram os resultados que suas lojas de rua estão obtendo por participarem desse movimento que visa trazer novamente para o Centro a população americana que se refugiou nos subúrbios, levando para esse local os centros comerciais e os shopping centers. Foram mostrados vários exemplos de sucesso, sendo o mais notável o da Nordstron, uma tradicional rede de Lojas de Departamentos que está se reinventando nos locais tradicionais onde ela opera e está procurando colaborar com as autoridades dos locais onde os centros de cidades estão sendo remodelados, com muito sucesso.
Na sequência foi apresentada feita uma apresentação sobre marcas próprias sob o título “Sua etiqueta está aparecendo”. O objetivo desta palestra foi mostrar que o uso de marcas próprias desde alimentos até vestuário tem sido uma poderosa arma de diferenciação em mercados onde as marcas tradicionais estão se comoditizando, uma vez que podem ser encontradas em todos os canais de um mesmo ramo de atividades. Neste caso, a concorrência se dá em preço.
O exemplo mais notável é o dos eletrônicos. As lojas físicas estão gradativamente desaparecendo e as produtos de marcas mundiais estão sendo comprados pela Internet, uma vez que, com as ferramentas atuais, o consumidor rapidamente pesquisa os preços e compra do fornecedor que tem o produto ao preço mais conveniente. Os palestrantes mostraram exemplos de marcas próprias bem sucedidas e alertaram para a importância de se trabalhar cuidadosamente para que a marca apareça para o cliente com o mesmo charme das marcas nacionais ou mundiais.
O dia se encerrou como uma Super Session com o título “Navegando a Realidade: o que fazem os CEOs para prosperar em um mundo dirigido pelos consumidores”. Após uma breve apresentação da empresa JDA, empresa software americana patrocinadora da Sessão, o CEO da Foot Locker foi entrevistado com perguntas a respeito de como sua empresa está se relacionando com os consumidores.
Infelizmente, não se apresentou nada muito criativo, e a sessão acabou com uma séria de “lugares comuns” já conhecidos dos presentes.
Na sequência a Coca Cola apresentou o tema “A Coca-Cola Deixa Felizes os Consumidores e Varejistas”. Utilizando filmes de experiências feitas em vários locais do mundo a apresentações mostrou que o objetivo da Coca Cola não é vender refrigerantes e sim, transmitir alegria e felicidade. Esta é a razão pela qual instintivamente, as pessoas quando tem sede pedem em Coca Cola.
Na parte da tarde a Duane Reade, rede de farmácias pertencente ao Grupo Walgreens fez uma apresentação com o título “Duane Reade e sua Abordagem Inteligente de Private Label e Lojas Customizadas por Vizinhança”. A Duane Reade foi criada em 1960 e tornou-se dominante na cidade de New York. É difícil ver um quarteirão que não tenha uma farmácia Duanne Reade. Destaca-se desta apresentação a excelente abordagem que foi feita sobre como a Duane Reade trata suas marcas próprias.
O ponto marcante foi a apresentação de produtos que não tem marca explícita. Em suas embalagens aparecem apenas grafismos, colocados pontualmente com grande criatividade, de tal maneira que, fora as figuras, aparecem apenas indicações sobre o produto que se encontra dentro da embalagem. Essa estratégia vem sendo utilizada em produtos alimentícios prontos para uso, e geram mais margens do que os produtos de marca.
Presidente da CNDL participa de reunião do FIRAE
Como acontece todos os anos o Presidente da CNDL, Sr. Roque Pelizzaro, participou da Reunião do Fórum Internacional de Executivos de Entidades de Varejo (FIRAE). Este Fórum se reúne todos os anos, desde 2001, no dia que antecede o início do BIG SHOW, a Convenção e Exposição anual da National Retail Federation, a maior Convenção e Feira de varejo do mundo. O objetivo do FIRAE é a troca de experiências entre Presidentes de Entidades de Varejo dos países representados. Na reunião deste ano, estavam presentes 55 países.
Na primeira parte da reunião o Vice-Presidente para Assuntos Governamentais da NRF fez uma exposição a respeito das discussões que estão ocorrendo nos USA a respeito das atividades com cartões de crédito.
Foi mostrado que os americanos gastaram no ano passado cerca de US$ 32 bilhões em taxas cobradas pelas empresas de Cartões, com transações eletrônicas. A NRF tem argumentado junto ao Banco Central Americano, que essas taxas precisam ser regulamentadas, uma vez que, por se tratarem de transações eletrônicas os custos são insignificantes, enquanto as taxas são maiúsculas.
Diante da recusa do Banco Central em regulamentar o assunto a NRF foi à Justiça, mas perdeu em primeira instância com base na Constituição americana que garanta livre negociação entre as partes. Atualmente a NRF está se preparando para ir à Suprema Corte.
Esta discussão tem sido recorrente nas reuniões do FIRAE desde 2004. Na Europa e na Austrália, onde os Bancos Centrais são mais reguladores, os varejistas tem conseguido importantes nas taxas cobradas com transações feitas com Cartões de Débito e Crédito.
Na segunda parte da reunião, o Diretor de Serviços e Investimentos do Escritório Oficial do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (uma espécie de Ministério do Comércio), fez uma apresentação sobre as negociações que estão sendo feitas sobre Livre Comércio com a Comunidade Européia e com os países da área Ásia-Pacífico.
As negociações estão caminhando, mas em ritmo muito lento. Essa lentidão se deve a atividades protecionistas que emergiram de forma mais intensa após a crise de 2008. Com a redução dos negócios internos, os países europeus e asiáticos tem evitado aumentar suas importações a fim e proteger empregos locais.
Esse ressurgir do protecionismo tem fortes defensores, baseados nos aspectos positivos que ele trás para os países que o praticam. No entanto, pouco tem sido discutido a respeito do crescimento da inflação dele derivado, tendo em vista a falta de incentivo para a produção local reduzir custos e investir em aumento de produtividade.
Na visão do apresentador, o protecionismo contribui para proteger os sistemas menos preparados para competir internacionalmente.
Em relação aos países em desenvolvimento, com raras exceções, pouco foi falado, uma vez que os países envolvidos tem naturalmente uma tradição protecionista.
Na parte final da reunião cada país presente falou sobre as preocupações para 2014.
O Presidente Roque Pelizzaro apresentou as seguintes preocupações em relação ao Brasil em 2014:
1. Nos últimos 6 anos o varejo brasileiro cresceu a taxas anuais acima de 10%. Em 2013 o percentual de crescimento ficou abaixo desse número e o mesmo deverá ocorrer em 2014. Nesse ambiente o primeiro desafio será manter o mesmo ritmo de lucratividade dos anos anteriores. Para isso a CNDL está trabalhando para ajudar as empresas varejistas a aumentar a produtividade dos pontos de vendas, fazendo mais com a mesma estrutura.
2. O Brasil vem fazendo pequenas mudanças no seu sistema tributário, mas o sistema em si contínua muito desafiador, com um número expressivo de impostos e alíquotas elevadas. Como 90% do varejo brasileiro é representado por empresas de pequeno e médio porte, as questões tributárias impactam os resultados. Portanto o segundo desafio será voltado para o ajuste do Sistema Tributário para impactar menos a lucratividade dessas empresas.
3. 2014 deverá ser um ano atípico para o varejo com aspectos positivos e negativos, tendo em vista dois eventos importantes: a Copa do Mundo no meio do ano e as eleições gerais em outubro. A Copa do Mundo deverá, do lado positivo, trazer clientes novos para alguns tipos de varejo. Porém terá o impacto negativo do grande número de feriados nas capitais onde os jogos serão realizados. Algumas capitais brasileiras terão até 8 feirados a mais, além daqueles que ocorrem normalmente. O terceiro desafio será capacitar o varejo de pequeno e médio porte para aproveitar o fluxo de turistas que chegarão ao Brasil sem se descuidar dos seus clientes usuais.
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