Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
ENERGIA DO VENTO
Por João Maria
Com a construção de quatorze novos parques eólicos no Ceará, o Brasil começa a levar a sério a produção de eletricidade a partir dessa tecnologia limpa.
Se a economia brasileira crescer 5,5% neste ano, como previu o ministro da Fazenda há duas semanas, será preciso adicionar 3.500 megawatts à capacidade energética do país ? ou corre o risco de um novo apagão. Trata-se de um salto de bom tamanho, um acréscimo de 4% na produção atual. Em outras palavras, o Brasil precisa de toda a eletricidade que conseguir obter. Há nessa urgência, uma oportunidade para fontes alternativas de energia, como a eólica, que até recentemente eram vistas como mera curiosidade no país. Neste mês, uma empresa americana, a Econergy, inaugurou o primeiro de uma leva de quatorze parques eólicos que começarão operar no Ceará até o fim de 2009. A usina terá 32 turbinas de vento e capacidade para abastecer uma cidade com 90 000 casas e 200 000 pessoas. Quando todos esses parques terminarem de ser construídos, o Ceará terá à sua disposição 500 megawatts de energia providos pelo vento. Será o estado com a maior capacidade, ultrapassando o Rio Grande do Sul, que hoje produz 68% da energia eólica nacional.
Isso representará apenas uma gota d?água no oceano da necessidade energética brasileira ? mas o aproveitamento da força do vento aponta numa direção para a qual o mundo todo está olhando, a da energia limpa. O potencial que o Brasil dispõe equivale a duas Itaipus ou mais
Não é sem razão que as turbinas de vento são a fonte energética com defensores mais empolgados. A tecnologia eólica causa pouco dano ao meio ambiente e se utiliza de um recurso, o vento, abundante e gratuito. Seu defeito é o preço (por enquanto). A eletricidade dos cata-ventos gigantes custa o dobro da proveniente de hidrelétricas.
Já foi pior, pois o custo caiu pela metade na última década e hoje se aproxima do das termoelétricas. \"O preço do petróleo tende a subir, enquanto o da energia eólica deve continuar encolhendo. Em menos de oito anos, essas duas curvas certamente se cruzarão\". O preço caiu por várias razões.
No mundo, a energia eólica cresce a taxas de 26% ao ano e causa empolgação crescente entre políticos.
O futuro agora depende da necessidade energética brasileira. Uma coisa é certa: vento é o que não falta.
João Maria da Silva
Revista Veja ? edição 2080 ? ano 4l ? n. 39 ? outubro ? 2008 ? p. l32 e 134
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