João Maria da Silva. Endereço eletrônico:joaomaria.ag@gmail.com

Bons tempos aqueles nos quais você podia envelhecer em paz. Sem se preocupar em se vestir moderno, freqüentar lugares da moda, parecer jovem, ter o corpo sarado, estar ligado nas últimas tecnologias, badalar e seguir seja lá o que for de mais atualizado em termos de aparência, comportamento e pensamento. Nas civilizações antigas, o idoso era o mais respeitado na sociedade pelo acúmulo de vivência, conhecimento, sabedoria e, principalmente, pela aparência “distinta” que impunha consideração, mesmo sabendo-se que os crápulas também envelheciam. O idoso era o repositório das normas de conduta e, com a sua vivência, transmitia toda a sabedoria aos mais jovens. Hoje em dia, o que vale mesmo é o novo, e o consumismo desenfreado que está aí para confirmar. O velho sempre é descartado, não se levando em conta o quanto ele ainda pode ser útil e o quanto é importante.
    E o ser humano acaba entrando nesta paranoia, tentando a todo custo ser jovem, tanto na aparência como no comportamento. Mente a idade, e se transforma em um clone, com plásticas, botox, tinta no cabelo, se acaba em academias, compra carros da moda, troca os velhos amores por novos e interesseiros, ou seja, se sacrifica de todas as formas para aparentar uma juventude que já não existe, Não conseguindo enganar a ninguém a não ser a si próprio, tornando-se um caricato de si mesmo. Vamos envelhecer, sim, mas com dignidade.
    A vida é um prêmio e vamos nos orgulhar desta premiação. Essa etapa final, a que chamo de período do descompromissado do futuro, pode ser a melhor fase da nossa vida, desde que tenhamos a consciência do que somos, do que podemos ser e do que podemos ainda fazer. Afinal, na vida o mais importante é ser feliz, e a felicidade está dentro de nós, em nos aceitarmos e gostarmos do que nos somos hoje, mais cultos, mais espertos e, com  muita, mas muita história para lembrar e contar para quem quiser.

Referência:
NICOLAU, Amaral. In Diário Catarinense – n. 8.679 – Ano 24 – 29/01/10 – p. l0

João Maria da Silva.
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