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Dez anos para recordar

Marcamos os nomes, os lugares ou as situações quando alguma coisa muito boa ou muito ruim acontece. Nossa memória é capaz de guardar por muito tempo os detalhes das situações mais marcantes. Quem não lembra do nervosismo do casamento ou daqueles minutos de nervosismo antes do primeiro beijo? Todos temos momentos marcantes em nossas vidas, mas infelizmente estes nem sempre são tão românticos.

A vida não é feita somente de alegrias e sonhos, entretanto há vezes que acontecem coisas difíceis de acreditar, utopias das quais parecemos acordar a todo o momento.

Há uma década o mundo, mas principalmente os estadunidenses, vem tentando cair na realidade. Há exatos dez anos, deu-se por iniciada uma guerra aparentemente silenciosa, porém um dos piores confrontos dos últimos tempos: A guerra contra o terror, vinculada a invasão do Afeganistão e até a do Iraque.

O único barulho que podemos ouvir dessa guerra é o da mídia que retrata a situação de tropas combatentes. É realmente difícil passar um mês sem ouvirmos falar de ataques de homens e carros bombas que tentam timidamente mostrar que tropas americanas não são bem-vindas em determinados territórios.

A guerra verdadeira acontece onde já se tem poucas fortalezas para derrubar: em uma terra árida onde mil e uma noites não passam despercebidas e não são histórias fantásticas, mas tristes, as quais nos tornam céticos da convivência humana em um único planeta. As histórias contadas por esta região do mundo marcam a memória da humanidade sem fantasia e sem amor.

Ultimamente, inclusive, a maioria das narrativas não são agradáveis. No decorrer destes dez anos pós 11 de setembro, vimos grandes guerras sem vencedores e com muitas vítimas em todos os cantos do mundo. Vimos o planeta passar pela ameaça do aquecimento global e o fim da vida como ela é. Vimos o mundo cair em uma das piores crises econômicas depois da Crise de 29. Vimos que a fraqueza pode matar reis e rainhas, sejam do pop ou do soul, e não importa quanto dinheiro se tenha. De camarote assistimos um operário comandar uma nação e deixar seu trono à uma mulher. Vivemos nestes dez anos uma era de expectativas falidas: expectativa de vida, expectativa de curas, expectativa de desenvolvimento político, expectativa de expectativas; afinal a esperança é a última que morre.

Graças aos últimos dez anos marcamos em nossa memória o medo. E as lembranças do que poderia não ter acontecido serão as mais fortes em nossas reminiscências.

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