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Entre o tempo e a vida

O site de notícias G1 publicou há alguns dias uma notícia cuja manchete é um tanto quanto funesta: "Adolescente planeja o próprio funeral após câncer raro".

Analisando a manchete do renomado site, podemos averiguar como a importância da vida varia de pessoa para pessoa.

Saber que uma adolescente tem planejado o próprio funeral pode ser considerado por muitos com uma forma de desistência da vida, mas se observarmos melhor veremos que o que a moça realmente está fazendo é seguir com inteligência uma lei natural dos organismos vivos, o fim da vida como a conhecemos.

Esta adolescente inglesa tem nos mostrado que para superarmos algo é preciso conhecê-lo, assim poderemos nos poupar da agonia esperançosa e do medo do desconhecido. Desta forma, não podemos dizer de modo algum que a jovem não superou seu câncer, afinal ela o compreendeu e a partir disso conseguiu poupar o resto de sua curta existência do tormento que a morte costuma causar.

Nós somos os seres mais variantes em pensamento que conhecemos, e por isso construímos uma noção de sobrevivência que não vale a pena exaltar. Deixamos de ver a morte como consequência e partimos em busca da vida longínqua e sobrenatural.

Nascemos obstinados a seguir o ritmo, as tendências e os conceitos ideológicos impostos pela sociedade, esquecendo assim que, como já diziam Vinícius de Moraes e Toquinho, a vida é uma grande ilusão.

Nós somos os ilusionistas, mas às vezes esquecemos que neste jogo em que estamos inseridos o tempo tem contado mais do que a própria existência, percebemos isso quando sentimos uma dor resultante de algo que poderia ter sido evitado. Viver a vida cotidiana é a sina de muitos, viver o tempo de vida é privilégio de poucos.

Morar em um mundo construído de romances não é inteligente, mas gastarmos todo o nosso tempo inseridos na negligência urbana é muito menos, afinal ficamos cegos com as necessidades diárias, e quando nos damos conta nos vemos comentando como os anos passam rápido. Será mesmo que são os anos que passam rápido ou nossa logística falha quando tentamos organizar nosso tempo?

O controle do relógio é nosso e como podemos ver se formos bem organizados temos tempo até para planejar nosso funeral.

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