Desenvolvimento. Essa palavra soa como música aos ouvidos da sociedade, afinal de contas o desenvolvimento está associado a uma melhor qualidade de vida e faz com que todas às áreas sociais de um determinado grupo despontem, sobressaindo-se às dos demais.
Para que haja desenvolvimento, entretanto, é necessário investimento. Geralmente, a matéria prima do desenvolvimento, não importa o âmbito, é o dinheiro... Então surgem os problemas.
Os grandes problemas do mundo atual têm a ver com dinheiro. É verba para isso e para aquilo. Às vezes dinheiro vale menos do que se imagina, por isso some como se evaporasse no ar. Outras vezes, dinheiro é tão, mas tão valioso que vale mais do que a dignidade humana.
A dignidade de famílias da Região dos Lagos foi ferida com a construção de um novo empreendimento hidrelétrico no Rio Canoas. Histórias de pessoas que viviam às margens desse rio e tiveram de deixas as terras tornaram-se símbolos de que nada é cessa a ganância disfarçada de desenvolvimento.
O que parece predominar é uma ordem em que grandes peixes engolem pequenos. Não se pode dizer que uma ação é socialmente vantajosa quando o habitat de centenas de pessoas, animais e espécies de plantas é alagado, e não importa quanto dinheiro seja desembolsado, nenhuma quantia pode repor a ordem natural da vida. Por isso, o custo do desenvolvimento às vezes parece alto.
Quem disse que pessoas não criam raízes não conhece nada da natureza humana. Assim como as plantas, o homem tem sido arrancado de sua terra sem que possa reagir. Se ele facilitar, pode ter os pulsos presos como as árvores têm seus galhos rebeldes amarrados. O grande X da questão é o sacrifício de algumas famílias em prol de um bem maior. Mas, quem realmente vai desfrutar desse bem maior?
Aquelas pessoas que com o suor do trabalho às margens do Canoas construíram suas casas, em terras muitas vezes cedidas, não tem realmente o direito de se desenvolver antes de verem tudo o que conquistaram ir por terra e água abaixo? Na nossa opinião, elas têm esse direito e ele deve ser respeitado.
Um questionamento que nos fazemos é: Cadê os direitos daqueles que viveram uma vida à beira do rio? Somos, de certa forma, a voz do povo. Muitos procuram o jornal com o intuito de falar e mostrar a angústia que estão passando. Nossa função é mostrar a realidade, sem mascarar algo em benefício de algo maior.
Sentimos na pele aquilo que tantas famílias desalojadas têm passado. Nosso papel é servir como a voz daqueles que gritam com angústia e desespero ao ver suas casas, histórias e sonhos engolidos pelas águas de um rio que por anos foi o vizinho amigo, mas que agora passou a ser o pivô de tanta tristeza.
Todos devem estar cientes de que aquilo que foi vivido naquelas terras nunca mais voltará, porém se é para deixar o que se conquistou durante uma vida inteira, que seja para melhorar... e não é essa a realidade que está sendo vista.
É claro que existem várias situações, várias moradias e vários tipos de moradores, mas acima de tudo está o ser humano e o direito de lutar por uma vida digna. Somos a voz dessas famílias e o grito delas é de quem precisa de ajuda.
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