Correio dos Lagos / Editorial / O pai rico da Região dos Lagos

Para quem gosta de ler, sabe que sempre poderá identificar uma situação com uma passagem de determinado livro. Fazer comparações entre a literatura e a vida fora da leitura ajuda a memorizar o conteúdo que está sendo absorvido, além de estimular o senso crítico. Hoje, podemos identificar um dos menores municípios da Região dos Lagos, Pinhal da Serra, em algumas das passagens de um dos livros que movimentou a literatura popular nos últimos anos: Pai Rico, Pai Pobre, best-seller de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter.

O livro fala principalmente sobre a independência financeira e como ela pode surgir através de investimentos econômicos e táticas financeiras bem estruturadas que visam a defesa do patrimônio adquirido. Mas, o que tem a ver este livro com o município gaúcho?

Poucos na região, com exceção de alguns curiosos, sabem que além do advento da Usina Barra Grande em Pinhal, o município tem ficado de olhos bem abertos para descobrir qualquer fonte de renda alternativa, tanto no contexto público como no privado. Dessa forma, a oportunidade de implantação de um aviário na cidade chamou a atenção dos administradores municipais, os quais, depois de alguns cálculos, observaram a mão na roda que seria um investimento deste tipo para a economia do município.

Se o livro foi alvo de muitas críticas negativas sobre a falta de foco com relação ao assunto proposto pelos autores, não se pode dizer o mesmo sobre os investimentos dos pinhalenses. Pelo menos por enquanto, os números do negócio parecem ser da China, seguindo à risca o projeto de instalação da empresa, novos investimentos ainda podem saltar aos olhos.

Tudo o que envolve riscos a princípio põe medo. Muitas pessoas gostariam de ser donas do próprio negócio, mas não fazem isso por temer grandes perdas e danos irreversíveis ao seu patrimônio ou situação econômica, é aquela batida história da zona de conforto reforçada pelos fantasmas da insegurança e falta de autoconfiança. Entretanto, essa confiança é conquistada desde cedo, com uma educação que envolva a questão econômica, supervisionar com o que e como seus filhos gastam a mesada é um começo simples. Filhos de pais ricos arriscam, enquanto filhos de pais pobres estudam por uma vida toda meios de enriquecer como subordinados, ou um modo de investir sem riscos (um grande mito).

Pinhal da Serra saiu na frente como um município investidor, o qual soube aproveitar as oportunidades que apareceram. Quem sabe não seja um bom exemplo para outros municípios abrirem os olhos com relação ao seu potencial de investimento, e até para qualquer pessoa que está aí por casa ou estressada com o chefe arriscar em um sonho antigo de independência.