Correio dos Lagos / Editorial / O símbolo do cristianismo e do consumismo

E no terceiro dia, ele ressuscitou. É o que conta uma das histórias mais fascinantes já narradas no mundo, a do homem que deu a vida como prova de amor e salvação aos seus irmãos: Emanuel, popularmente conhecido como Jesus, Cordeiro de Deus, entre tantos outros nomes e títulos a ele concebido e que demonstram a magnitude e reconhecimento de sua vida terrena e espiritual.

É para comemorar a ressurreição deste homem de tantos nomes e seguidores, que cristãos do mundo todo celebram a páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem) entre os meses de março e abril.

Com o passar do tempo, a Páscoa assim como no Natal, Dia dos Pais e Dia das Mães, ganharam tradições econômicas que prevalecem cada vez mais fortes e sobressaem-se até ao sentido original das datas. O Natal, por exemplo, é uma das épocas que mais movimentam a economia mundial, e este fator não diz somente respeito aos presentes comprados, mas também aos trabalhos temporários como vendedores, e até como Papai Noel.

A Páscoa se tornou uma grande época para a indústria de chocolates, uma vez que o doce já virou símbolo pascal tanto ou mais do que a própria tradição cristã e história de Jesus, afinal não há como negar que as crianças recebem ovos de chocolate antes mesmo de serem educadas e apresentadas ao verdadeiro sentido religioso da época. Dar ovos de chocolate é um costume antigo, mas associar o ovo a um símbolo intrinsecamente ligado à vida é muito mais antigo, porém um ato muito menos praticado.

Esta semana, antes mesmo do dia da páscoa, milhares de mensagens já estavam circulando nas redes sociais com os mais “sinceros” desejos de uma Feliz Páscoa. No Twitter, por exemplo, os temas Semana Santa e Feliz Páscoa estavam entre os mais comentados entre os usuários do site, entretanto as mensagens relacionadas a estes temas são em sua grande maioria desprovidas de quaisquer sentimento relacionado a questão original do feriado (uma comemoração Cristã), como podemos ver através da mensagem publicada no Twitter da usuária Nathália Sampaio: “@nathrsampaio Desejar feliz páscoa é fácil, quero ver quem vai dar ovos de páscoa!”.

Pelo menos ela deixou claro sobre o que pensa.

Estas festividades já entraram num conceito de cultura de massa. O significado que prevalece é sem dúvida o que remete ao consumismo. O coelho da páscoa deveria ser o símbolo que traz a fecundidade cristã em sua missão de propagar a palavra de Deus, mas ao invés disso ele traz um ovo, dois ovos, três ovos... E muita dor no bolso.