Nos últimos dias, um grande movimento para a redução do preço do transporte público na cidade de São Paulo mostrou que o brasileiro também sente no bolso. Finalmente, depois de tanta exploração, a fonte de paciência secou e a população foi às ruas exigindo dos governantes a diminuição do valor das tarifas.
O Brasil, tomou as dores dos paulistas ao vê-los reunidos para manifestar seus desejos. O resultado foi que muitas cidades do país fizeram seus protestos reclamando, não somente sobre transportes públicos, mas sobre qualquer coisa que aflija a população, portanto motivos para ir às ruas não faltaram, afinal não é segredo para ninguém que o Brasil é um país de aparências.
O Brasil parece rico, não por causa do desenvolvimento social e tecnológico, mas por causa de investimentos absurdos para o momento que se vive. São apenas as más línguas que dizem que somos ricos. Elas querem nos fazer acreditar em um país cuja verossímil imagem de desenvolvimento é puramente comercial. Entretanto, é melhor assumir a pobreza escondida do que viver escondendo muita safadeza em nome da imagem.
Somos ricos, concordamos com isso. Porém seguimos aquele modelo tragicômico de "novo rico", do tipo que nunca viu dinheiro e quando finalmente vê qualquer tostão furado... esbanja. Esbanja com estádios "padrão Fifa". Esbanja com Olimpíadas. Esbanja, por incrível que pareça, com obras que nem se quer existem.
Se fomos escolhidos para sediar uma Copa é por que mantemos uma boa imagem fora do país. Porém, somente agora, depois dessas últimas reivindicações, mostramos outra face à mídia internacional. Quando a calmaria reinava ao som do mar e à luz do céu profundo, nenhum The New York Times da vida retratava a educação retardada e a saúde moribunda do primo pobre em ascensão. E aí se alguém disser que o Brasil não está crescendo - as aparências precisam ser mantidas.
Corrupção e péssima destinação de dinheiro público ficaram entaladas na garganta de tanta gente, mas de tanta gente, que quando a voz finalmente saiu foi gritada em uníssono para o mundo inteiro saber que estamos fartos. Fartos! Ora seja. Os brasileiros não são palhaços e nem têm cara de palhaços. Agora que a máscara da revolta foi colocada, tirá-la não vai ser fácil.
As últimas gerações aprenderam a conviver com gente que riu à toa por toda a vida. Hoje, entretanto, todos vão às ruas para ver quem ri por último. Nos últimos dias, muita gente tem sentido pela primeira vez o real orgulho de ser brasileiro.
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