Sejamos sinceros, há pessoas por aqui e do outro lado do Rio Pelotas que se sentiram um tanto incomodadas quando souberam que a Usina Hidrelétrica Barra Grande seria instalada entre Anita Garibaldi e Pinhal da Serra, influenciando diretamente na vida de milhares de pessoas, principalmente as que viviam no interior e tiveram de ser remanejadas em outros lugares.
Sair do lugar onde se construiu uma história, deixando para trás imóveis e ficando apenas com as lembranças da vida antes da hidrelétrica com certeza não foi algo muito fácil de ser feito, mas que foi possível com muita negociação e paciência.
Entre as famílias reassentadas, e outras ainda que receberam indenizações mas não precisaram ser removidas, hoje em dia ainda existem os ressentidos por terem suas terras alagadas. Porém, também há os que começaram a ver toda essa situação com outros olhos, após mais de dez anos dos primeiros rumores sobre a barragem e os primeiros “barrageiros” chegarem à região.
A maioria das pessoas compreendeu que a usina é hoje uma das maiores apoiadoras de projetos e causas sociais em diversos municípios inclusive fora da Região dos Lagos, a qual recebeu esse nome justamente pelo fato de Barra Grande e outras usinas terem se instalado nas redondezas de Anita Garibaldi, Celso Ramos e Abdon Batista.
O próprio título (Região dos Lagos) é um fator que colabora para o desenvolvimento turístico na região, o qual ainda anda a passos de tartaruga, porém teve incentivo o mais confirmado recentemente. O caso é que nos dias 24 e 25 de julho, os municípios de Anita e Pinhal da Serra realizaram consultas públicas acerca do Plano de Conservação Ambiental de Uso da Água e do Entorno do Reservatório da Usina (PCAU), no qual se encontram as propostas da BAESA para os investimentos que podem ser realizados no entorno do reservatório da usina.
Por si só, o reservatório e a barragem já é um atrativo na região, agora com a apresentação das propostas para investimentos através do PCAU, o desenvolvimento do potencial turístico fica ainda mais facilitado, e assim que os primeiros projetos para a utilização das áreas próximas a usina saírem do papel, a economia continuará crescendo ainda mais graças ao investimento das hidrelétricas na região.
É importante lembrar que, embora ultimamente as pessoas tenham sido taxadas de individualistas, temos a necessidade de viver em sociedade, não importa se em um grupo grande ou pequeno, e para que haja boa convivência é necessário que tenhamos consciência de que às vezes o desapego é o melhor caminho para o desenvolvimento do grupo social. Hoje em dia a vida dos reassentados e indenizados de modo geral continua tomando seus rumos, tudo como era antes (senão melhor). Ninguém saiu perdendo, ou será que saiu?
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