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2 de abril: Dia Mundial da Conscientização do Autismo

O depoimento de uma mãe e um pai sobre a experiência de ter um filho autista

   O Dia Mundial do Autismo, 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas, em 18 de dezembro de 2007, para a conscientização acerca dessa questão. Em 2010, a ONU declarou que o Autismo atingia cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. Hoje, estima-se que exista 1 caso de Autismo a cada 68 crianças. No Brasil, a estimativa é de 2 milhões de autistas.

   Em 2011, o Brasil teve o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, iluminado de azul nos dias 1 e 2 de abril. Além da Ponte Estaiada em São Paulo, os prédios do Senado Federal e do Ministério da Saúde em Brasília, o Teatro Amazonas em Manaus, a torre da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, entre muitos outros. Em Portugal, monumentos e prédios, como a Torre dos Clérigos e a estátua do Cristo Rei em frente a Lisboa também foram iluminados de azul para a data.
 
O que é Autismo?
 
  É um Transtorno Global do Desenvolvimento (também chamado de Transtorno do Espectro Autista), caracterizado por alterações significativas na comunicação, na interação social e no comportamento da criança, que levam a importantes dificuldades de adaptação e aparecem antes dos 03 anos de idade, podendo em alguns casos ser percebidas já nos primeiros meses de vida. 
   O Autismo é considerado um transtorno mental e de comportamento. Algumas pessoas com Autismo podem ter deficiência intelectual (inteligência mais baixa que a normal, que varia de leve à profunda) ou até mesmo outras doenças associadas (epilepsia, alterações físicas, etc.). Mas não são todas as pessoas com Autismo que têm deficiência intelectual, algumas inclusive, apresentam inteligência acima do normal.
 
Qual a causa do Autismo?
 
   As causas ainda não estão claramente identificadas, porém já se sabe que o Autismo é mais comum em crianças do sexo masculino e independe da etnia, origem geográfica ou situação socioeconômica.
 
Quais são os principais sinais do Autismo?
 
Cada pessoa com Autismo tem características próprias, mas existem alguns sinais que costumam ser mais comuns. A seguir, alguns sinais importantes que podem indicar a presença de traços autistas ou de outros problemas, e que podem ser percebidos no ambiente familiar, social e escolar. Lembrando que nem sempre todos os sinais estão presentes, e que a intensidade deles varia de acordo com o grau de Autismo: 
• O relacionamento com outras pessoas pode não despertar seu interesse;
• Age como se não escutasse (ex. não responde ao chamado do próprio nome); 
• O contato visual com outras pessoas é ausente ou pouco frequente; 
• A fala é usada com dificuldade, ou pode não ser usada; 
• Tem dificuldade em compreender o que lhe é dito e também de se fazer compreender; 
• Palavras ou frases podem ser repetidas no lugar da linguagem comum (ecolalia); 
• Movimentos repetitivos (estereotipias) podem aparecer;
• Costuma se expressar fazendo gestos e apontando, muitas vezes não fazendo uso da fala; 
• As pessoas podem ser utilizadas como meio para alcançar o que quer; 
• Colo, afagos ou outros tipos de contato físico podem ser evitados; 
• Pode não demonstrar envolvimento afetivo com outras pessoas;
• Pode ser resistente a mudanças em sua rotina; 
• O que acontece a sua volta pode não despertar seu interesse;
• Parece preferir ficar sozinho; 
• Pode se apegar a determinados objetos; 
• Crises de agressividade ou auto-agressividade podem acontecer. 
Porém, ATENÇÃO, esses sinais são apenas indicativos, o diagnóstico deve ser feito por profissionais especializados, a partir da utilização de técnicas próprias, como entrevistas e observação clínica.
 
O Autismo tem cura?
 
   A maioria dos estudiosos afirma que o Autismo não tem cura, pois mesmo quando há um ótimo desenvolvimento suas características permanecem por toda a vida. Portanto, já existem tratamentos que podem levar a criança a um excelente desenvolvimento e a uma melhor qualidade de vida, ainda mais quando são realizadas intervenções precoces.
 
Existe tratamento?
 
   Não existe medicamento específico para o Autismo, mas remédios podem ser receitados se houver outra doença associada ao Autismo, como Epilepsia, Hiperatividade, etc. O uso de medicamento deve sempre seguir recomendação médica e deve ser feito junto com outros tratamentos. Existem várias opções de tratamentos, que devem ser realizados por equipes multidisciplinares. Os diferentes métodos terapêuticos podem ser usados sozinhos ou em conjunto. Um método pode trazer bons resultados para uma criança, mas não para outra, ou seja, cada caso é único, apesar de possíveis semelhanças, e o tratamento também deve ser assim, considerando sempre a criança como um todo: seus sentimentos, seus comportamentos, sua relação com os outros na família, na escola, na comunidade, etc. 
 
Os pais também precisam de ajuda?
 
  É muito difícil para os pais que têm filhos com Autismo enfrentarem essa situação, principalmente quando recebem o diagnóstico. Nos momentos difíceis, as orientações de um profissional qualificado podem ajudar muito. Os pais também podem contar com a ajuda de pessoas próximas ou que tenham experiência com situações semelhantes. O importante é que essas pessoas saibam compreender e aceitar o sofrimento destes pais, acolhendo-os da melhor forma, sem críticas ou julgamentos.
   A psicoterapia, bem como outras formas de acompanhamento terapêutico, pode ser indicada para auxiliar os pais na compreensão do que está acontecendo e do que estão sentindo, inclusive acolhendo sentimentos comuns, como negação, raiva, rejeição, culpa, frustração, ressentimento, etc. Quando os pais estão bem eles podem ajudar ainda mais seus filhos.
 
Meu filho tem Autismo
 
Meu filho Lucas, hoje com 3 anos de idade, tem diagnóstico de Autismo. Eu e meu marido começamos a perceber algumas mudanças de comportamento e alguns sinais do Autismo quando Lucas tinha aproximadamente 1 ano e 4 meses. Depois de consultas com especialistas, diversos exames e observações clínicas, recebemos o diagnóstico.
Lucas tinha 2 anos quando iniciamos os tratamentos. Ele desenvolve atividades psicopedagógicas diariamente em casa, e realiza outros tratamentos com profissionais especializados, com fisioterapeuta, psicóloga, pedagoga, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga, tanto em Anita Garibaldi, na APAE, como também em Lages. Realiza também acompanhamento trimestral com psicopedagogo em Blumenau, e semestral com neuropediatra, em Itajaí. Por semana, Lucas tem 10 atividades marcadas, dentre elas, a equoterapia. Lucas não possui outras doenças associadas, e não faz uso de medicamentos. É uma criança muita carinhosa e esperta. As terapias têm mostrado resultados incríveis, e Lucas tem evoluído muito bem. A cada dia nos surpreende mais e mais.
Agradeço a todos pelas manifestações de carinho com o meu “pequeno grande” Lucas. Muitos pacientes, colegas e amigos me perguntam como Lucas está e procuram sempre nos confortar com palavras de ânimo e orações. Agradeço em especial à nossa família, à nossa funcionária Maria, e às profissionais que desenvolvem rotineiramente atividades com o Lucas: MUITO OBRIGADA POR TODA A DEDICAÇÃO E CARINHO!
 
Dra. Vanessa Campos Teles Souto
Clínica Geral e Pós graduanda em Ultrassonografia Ginecológica e Obstétrica
 
 
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