Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Cuidados Paliativos: dando vida aos anos que nos restam
"Você está com câncer'', "Você precisará de transplante'' ou ''Seu ente querido faleceu''. Dói muito receber uma notícia dessas, não é mesmo? E acredite, dói muito dar esse tipo de notícia também. Mesmo que os profissionais da saúde deem más notícias com frequência, isso é sempre uma tarefa muito difícil.
Mas por que é difícil? Esses profissionais não deveriam estar acostumados com essas situações? Provavelmente, essas perguntas vieram em sua mente agora. Não se preocupe, você não é o único. Já me fiz essas perguntas muitas e muitas vezes, até que entendi que o motivo para essa tamanha dificuldade é o jeito que interpretamos as palavras "cura" e "cuidado". Os dois termos são equivalentes, porém, a utilização da palavra "cura" se distanciou do seu significado original e passou a ser entendida apenas como extinção da doença.
Portanto, dizer ao paciente e aos familiares "sua doença é incurável" é visto como um fracasso dos médicos e da própria ciência na luta contra a enfermidade. É perder a batalha.
Eu sei. É extremamente frustrante saber que não há nada que possa ser feito para extinguir uma doença. Saiba que o fim da vida pode estar próximo, mas ainda não é o fim do cuidado, entende? Antes de falarmos em morte, existe a etapa do adoecimento que pode durar anos e não deve significar o abandono do paciente. Na verdade, sempre há algo que possa ser feito. Permitir que a pessoa e seus familiares possam viver da melhor forma possível durante o tempo que lhes resta é a essência dos Cuidados Paliativos.
Você já tinha ouvido falar em Cuidados Paliativos? Ultimamente, essas palavrinhas estão muito em alta. Ainda que não saiba do que se trate, fique tranquilo, agora você compreenderá e poderá dividir este conhecimento.
Pois bem, as principais funções desse tipo de cuidado especializado é melhorar a qualidade de vida do paciente dando vida ao tempo que resta, através do alívio da dor e de outros sintomas estressantes, influenciando positivamente o curso da doença. Ou seja, fazendo que a morte seja encarada como um processo natural. Também envolve os familiares e os cuidadores, uma vez que as pessoas participantes do processo de adoecimento de alguém próximo também têm suas vidas afetadas pela doença.
Mas prepare-se para muitas visões negativas a respeito desse assunto. Algo não tão estranho para um tema assim delicado. Porém, ainda é comum existir um grande preconceito e desconhecimento por parte da sociedade nesse campo. Isso acontece porque a história dos Cuidados Paliativos no Brasil é relativamente recente.
Mudar essa visão a respeito dos Cuidados Paliativos é um desafio, já que envolve a conscientização de que essa atividade é tão relevante quanto diagnosticar ou tratar uma doença. Por isso, você, a partir desse momento, terá uma tarefa muito importante na transmissão dessa informação. Falar com seus familiares e amigos pode parecer coisa pouca, mas ajudará e muito nessa tarefa. Contamos com você!
Sabrina Floriani, médica de família, professora do Curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville - Univille, coordenadora da Liga de Medicina de Família da Univille.
Maria Augusta Baptista Guimbala, acadêmica do 4º período do Curso de Medicina da Univille, ligante da Liga de Medicina de Família da Univille.
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