Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Um jeito diferente de ver o mundo, através destes olhos azuis
No dia 02 de abril o mundo celebra a conscientização sobre o Autismo, com diversas ações neste intuito. Como aconteceu em Anita Garibaldi, com a 4ª Caminhada do Autismo realizada pela APAE Cantinhos dos Sonhos, em parceria com as Escolas José Borges da Silva e Padre Antônio Vieira.
Nesta edição contamos a história do pequeno Ariel Antônio Moraes Duarte, de 3 anos, que é autista, de olhos azuis brilhantes e que encantam a todos, justamente a cor que simboliza o Autismo (o azul representa a maior incidência de casos no sexo masculino).
A compreensão de que o TEA - Transtorno do Espectro Autista faz parte de uma família não é uma missão fácil. Assim também foi quando Thaise de Moraes (26 anos) e Valdir Antônio Duarte (30 anos) receberam o diagnóstico de que o filho Ariel era autista.
Moradores do Reassentamento Santa Catarina, em Anita Garibaldi, os pais e a irmã mais velha de Ariel, Caroline (agora com 10 anos), se preocupavam por que ele estava demorando para começar a falar e a andar. Quando tinha 1 aninho começaram a procurar ajuda. Levaram a médicos e a reposta de que era normal se repetia.
Na escola de Caroline e no Curso de Batismo, eles assistiram a palestras do Programa Prevenção de Deficiências com a psicóloga da APAE, Juliana Regina da Silva. "Receber as orientações me fazia entender que precisava procurar ajuda da APAE, porque não estava correto o atraso no desenvolvimento do Ariel. Temos uma filha dois anos mais nova que ele, a Isabela, e percebíamos que ela fazia coisas que o Ariel não fazia ainda", recordou a mãe.
Então, em setembro de 2018, a família procurou a APAE de Anita e foi lá que Ariel recebeu o diagnóstico de Autismo. Como argumenta a psicóloga da APAE, Juliana: "Desde o primeiro momento percebemos que ele era autista, mas não é fácil para nós também dar o diagnóstico. É preciso que a família seja forte e enfrente essa situação, por mais difícil que seja. Fui falando e explicando sobre as limitações para a Thaise, que é uma mãe jovem e muito interessada. Através da APAE encaminhamos à pediatra Cristina Subtil, que confirmou".
Ariel frequenta a APAE uma vez por semana, onde é atendido por profissionais de psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, estimulação precoce, fonoaudiologia e por médicos especialistas. Em casa, a mãe conta que a rotina da família não teve grandes alterações, e que todos colaboram para o desenvolvimento de Ariel, com carinho, amor e atenção. Agora ele está começando a desenvolver a fala e está caminhando há um ano. Conquistas muito esperadas.
Os pais também descrevem o momento do diagnóstico: "No começo não foi fácil, mas aceitamos. Que bom senão tivesse, mas é preciso aceitar e procurar ajuda."
Buscar o melhor para Ariel, e para todos os autistas é uma constante dedicação das equipes das APAEs e profissionais relacionados ao TEA. Um trabalho e esforço conjunto para proporcionar aos autistas seus direitos e oportunidades de viver bem, com respeito e inclusão.
Médica explica a importância do diagnóstico precoce
A médica Marilia Matos, que atualmente reside na Itália, realizou todas as suas formações com ênfase no Autismo. "Minha monografia da faculdade, a residência de pediatria e a residência de neuropediatria foram sobre Autismo. Escrevi uns artigos sobre e, obviamente, meu mestrado foi sobre fatores de risco neonatal para o Autismo, finalizado em dezembro do ano passado."
A médica está atendendo os 11 alunos com Autismo matriculados na APAE de Anita durante esta semana, incluindo Ariel.
Segundo ela, é muito importante buscar auxílio de profissionais logo que identificado os primeiros sintomas. "Eu costumo dizer que diagnóstico precoce é ouro! O cérebro, quanto mais novo, maior a capacidade de aprendizado de novas habilidades e maior possibilidade de melhora. A terapia deve ser iniciada mesmo antes do diagnóstico não ser fechado e consiste em abordagem comportamental: psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, trabalhando em conjunto. Eventualmente medicamento é necessário para ajudar no comportamento".
Por definição, o autismo é caracterizado por comprometimento da socialização e da comunicação e por comportamentos restritos e repetitivos. Além disso, são crianças que apresentam uma sensibilidade aumentada (incômodo ou busca por barulhos, cheiros e texturas, e assim, muitos pacientes apresentam seletividade alimentar).
Ficar atento aos sinais da criança é fundamental. A mãe de Ariel relata que ele não brincava, não atendia quando o chamavam, chorava sem motivo aparente, além do atraso para falar e caminhar. A médica explica: "É importante salientar que os sintomas podem surgir antes dos 2 anos de vida, e muitas vezes já estão presente aos 6 meses. Dentre esses sinais precoces podemos listar: pouco sorriso social (bebês sérios); atraso no balbuciar, não responder quando chamado, dificuldade com o sono, pouco contato visual, mais interesse por objetos do que pessoas, dentre outros."
O que desencadeia o transtorno, de acordo com a médica, pode ser apenas uma alteração genética ou ser associada à alguma doença neurológica. Além disso, existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento, dentre eles as complicações perinatais (sangramento na gestação, prematuridade, baixo peso, tempo de UTI, dentre outros).
A médica possui uma fanpage e um perfil no Instagram chamado Pediário, onde constantemente publica informações importantes sobre o Autismo.
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