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Em entrevista à Adjori, presidente do Seagro defende empresas agrícolas

Vlademir Gazoni destacou o papel da Epagri e da Cidasc para a agricultura familiar de Santa Catarina

 Ao rememorar as lutas e conquistas do Seagro (Sindicato dos Engenheiros Agrônomos) em suas três décadas de atuação, o presidente Vlademir Gazoni citou como ação principal do Sindicato, no setor público, a defesa das empresas agrícolas que dão apoio à agricultura de Santa Catarina, principalmente à de estrutura familiar. Confira a entrevista completa.

Adjori - Quais os principais problemas enfrentados pelos engenheiros agrônomos de Santa Catarina?

Vlademir Gazoni –
 São diversos. Os engenheiros agrônomos têm, no dia a dia, o trabalho a ser realizado diretamente com o agricultor, através de orientação técnica, projetos e repasse de tecnologia. Existem, também, engenheiros agrônomos na iniciativa privada, na área pública, nas agroindústrias, no agronegócio, então há algumas dificuldades no desempenho da própria função, por falta, algumas vezes, de condições de trabalho, em ambientes insalubres, como lavouras de agrotóxicos, outras áreas como laboratório e diversas atividades a serem desenvolvidas na ciência, no solo, na pesquisa, na extensão e no desenvolvimento de tecnologia.

Adjori- Qual tem sido o papel do sindicato nessas questões?

Vlademir Gazoni –
 O Seagro apoia os associados no desempenho de suas atividades, principalmente os engenheiros agrônomos, que são empregados do governo, da iniciativa privada, das cooperativas, agroindústrias e até das próprias prefeituras municipais ou do setor público estadual e federal. Ele atua também em defesa da agricultura como um todo e dos próprios agricultores, que são parceiros diretos em termos de relações de trabalho e de apoio e orientação tanto no agronegócio, quanto na agricultura familiar. 

Adjori - Geralmente os sindicatos são obrigados a pedir aumento de salário. Como está a remuneração dos engenheiros agrônomos catarinenses?

Vlademir Gazoni – Nós temos realidades diferentes. No setor público agrícola, que são as empresas do Governo do Estado e da Secretaria de Agricultura, principalmente Epagri e Cidasc, através de uma ação do próprio sindicato de cumprimento do salário mínimo profissional estabelecido em lei – que a categoria conquistou em 1966 –, essas empresas cumprem o salário mínimo profissional. Então nenhum engenheiro agrônomo da Epagri ou Cidasc ganha menos que o estipulado. Porém, essas empresas praticamente não tem, hoje, política de valorização de plano de cargo de salários. Um engenheiro agrônomo que entra hoje, e um com 20 anos de casa, recebe o piso profissional. Há um achatamento de carreiras entre um agrônomo que é graduado e um especialista, um mestre, um doutor, que praticamente ganha o mesmo inicial de carreira. Essa questão leva a uma baixa-estima, tanto para os profissionais que ingressam, quanto para os mestres e doutores, que não tem um estímulo maior para permanecer. A tendência, se não houver melhora nesse sistema, é que eles procurem novos concursos, melhores colocações e a pesquisa agrícola, que é o desenvolvimento de ciência, tecnologia, direcionado à agricultura catarinense. 

Adjori – É verdade que o engenheiro agrônomo busca o setor público para trabalhar?

Vlademir Gazoni –
 Os novos contratados da Epagri, principalmente com mestrado e doutorado, se mantêm atentos a novos empregos federais ou outras áreas que os remunerem melhor. Além disso, existem as universidades e os institutos federais que oferecem melhores salários. Dessa forma, temos perdido alguns profissionais, especialmente jovens, mestres ou doutores. Atuamos também através das cooperativas que temos acordo coletivo com o Sindicarne (atende as indústrias de carne – exemplo: Sadia, Perdigão, Seara, Aurora), com o Sindiocesc (atende todas as cooperativas agropecuárias e agroindustriais do estado) e que são dois ramos específicos. Por meio da Seagro, também fizemos ações e acordos para o cumprimento do salário mínimo profissional, e hoje, essas indústrias e cooperativas estão cumprindo o mínimo profissional. Também estamos atuando via ações, diretamente do sindicato ou através da nossa federação, a Fisenge, desenvolvendo ações para que a lei do piso do engenheiro agrônomo seja estendida também para o setor público. A lei quando foi criada em 1966, teve um veto na sua aprovação e não beneficiou os servidores públicos vinculados aos estados, ao governo federal e aos municípios. Estamos atuando em conjunto com a nossa federação para buscar aprovação da PEC 02 – que está tramitando no Congresso Nacional, para que esse piso, que é direcionado aos contratados CLTs, seja também para os funcionários estatutários. E se isso acontecer, ao longo do ano que vem, poderá beneficiar muitos engenheiros agrônomos que hoje são funcionários de prefeituras municipais, principalmente.

Adjori – O Seagro está completando 30 anos de existência. O que pode ser destacado deste período?

Vlademir Gazoni –
 O Seagro completou 30 anos de fundação no dia 29 de abril. Temos uma história de lutas e conquistas da categoria, que retrata esse período de existência do Seagro. Lançamos uma revista retratando as principais lutas que foram desenvolvidas durante esse tempo, e como fundamento principal, podemos destacar no setor público agrícola, a defesa das empresas agrícolas que dão apoio principalmente à agricultura familiar de Santa Catarina. Além da assistência e orientação ao agricultor familiar, estas empresas, principalmente a Epagri, desenvolvem a pesquisa agrícola, que é um setor fundamental para o desenvolvimento e a tecnologia do Estado. Já a Cidasc, é responsável pela fiscalização agropecuária. Então se hoje, Santa Catarina tem um status livre de febre aftosa sem vacinação, há quase 20 anos, deve-se muito ao trabalho dos engenheiros agrônomos e dos médicos veterinários que fizeram a história da Cidasc e da Epagri. O sindicato, principalmente na década de 90 - quando a onda neoliberal teve uma função muito importante em todo o mundo – e aqui no Estado existia um projeto de acabar com essas empresas agrícolas; construiu uma luta ferrosa e conseguiu manter essas empresas vivas até hoje. Até hoje nós estamos defendendo o fortalecimento dessas empresas. Existe um projeto em aberto, do Governo Colombo, de enxugamento de máquina e de funcionários, que o sindicato tem combatido. Atualmente, existe um PDV (Programa de Demissão Voluntária) em aberto, que traz claramente a diminuição de 15% de pessoal na Epagri. E que nós até apoiamos a renovação de quadro, mas não concordamos com o enxugamento, porque nós sabemos que principalmente para o agricultor familiar, aquele que está no campo e é o que mais precisa, está faltando assistência. Nós apoiamos a renovação e que o valor da folha seja mantido, e que o pessoal mais antigo fosse incentivado a sair, mas que fosse reposto com esse valor, mais profissionais no campus.  

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