Após dois anos do terremoto que destruiu o Haiti, pouca coisa mudou no país de infraestrutura fragilizada e nove milhões de habitantes, muitos dos quais migraram para outros países, principalmente para o Brasil.
A rota destes haitianos é a entrada pelo Acre e Amazonas, passando por diversas condições precárias, porém esta não é a realidade de três haitianos que há um mês estão morando e trabalhando no município de Esmeralda.
Através de pessoas que trabalham na região da Amazônia, os três haitianos foram convidados a virem para o estado do Rio Grande do Sul pelo empresário do ramo madeireiro Manir Fachini, o qual relata que no município falta mão de obra e os haitianos são pessoas esforçadas e que precisam trabalhar, por isso foi importante dar a oportunidade para os três.
Os novos funcionários, que receberam casa, água, luz e roupas aguardam a chegada de mais dois conterrâneos que virão para o sul do país.
Dos três, dois são solteiros e um é casado, tendo que deixar a esposa e um filho no Haiti. Querubim tem 28 anos, é solteiro e o único que fala um pouco português. Júnior, com 22 anos, e Kecheler, 38 anos, são irmãos dele e estão no Brasil há seis meses.
Perguntados sobre o porque da vinda para o Brasil, Querubim disse que foi o país que abriu as portas para os haitianos, e por isso eles vieram em busca de trabalho. A vida no Haiti está muito complicada após o terremoto que aconteceu em 2010. Querubim disse que o local onde estudava ficou destruído pelo tremor e que eles perderam parentes e amigos na tragédia.
O apoio da empresa
Os sócios Manir Fachini e Roberto Almeida são os responsáveis por trazer, instalar e dar todo o suporte aos haitianos no município de Esmeralda. Além dos três que já vieram, mais dois chegam ainda este mês e outros sete já estão se organizando para vier ao município.
“Nós estamos dando a eles uma atenção especial com toda a assistência, desde as passagens para que viessem da região da Amazônia para cá, até casa, água, luz e roupas. Estamos auxiliando na adaptação deles. Nós precisamos de funcionários e eles precisam trabalhar”, comentou Fachini que é proprietário da Madeireira Fachini e sócio da madeireira Cocodéco. Manir frisa que todos os trinta e dois funcionários das duas empresas merecem o mesmo tratamento com bons salários e mais auxílio de cesta básica para quem mostrar assiduidade no trabalho, porém todos terão que ter paciência com os novos funcionários. “Estamos dando uma atenção especial a eles e a nossa vontade que de certo é tão grande que passamos por cima de qualquer obstáculo”, enfatizou o empresário que se mostra satisfeito com o trabalho dos haitianos e aguarda ansioso a chegada de mais nove.
Dificuldades enfrentadas no Brasil
Uma das dificuldades apontadas por eles foi a comunicação, já que a língua falada no Haiti é o francês e o crioulo, língua nativa do país. A alimentação também é diferente e eles buscam se adaptar. O clima é um fator que não os incomoda, já que no Haiti faz muito frio e segundo eles, principalmente à noite, os termômetros caem bastante. A vinda deles para o Brasil foi feita de barco e declararam que sofreram um pouco: “A travessia foi bem complicada”, comentou Querubim. Perguntados sobre a saudade da família deixada no Haiti, eles disseram que é pouco tempo para sentir saudade, porém o mais velho da turma, Kecheler que é casado e deixou o filho se emocionou ao falar da família e da saudade que está sentindo.
Futuro no Brasil
É a primeira vez que eles vêm ao Brasil e se tudo der certo pretendem fixar residência e trazer as famílias. Todos trabalham de forma legalizada e o salário que recebem é para as próprias despesas, porém uma parte é mandada para os familiares no Haiti. Segundo eles, gostaram muito do Brasil e o povo os acolheu bem, uma coisa que gostam e conheciam do Brasil é o futebol, esporte que eles também gostam praticar.
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