Na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente as atenções também são voltadas aos problemas naturais.
Desde 1972, o dia 5 de junho é marcado para que o mundo todo celebre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa é uma data que tem entre os objetivos principais promover a compreensão de que mudanças de atitudes, em relação ao uso dos recursos naturais, são fundamentais.
Não são incomuns manifestações pelo mundo para abrir os olhos das pessoas frente à importância de cuidar da natureza, evitando uma ação parasita humana nociva ao planeta. Movimentos contra o consumo excessivo – que contrariam a filosofia consumista semeada pelo governo entre os membros ascendentes da classe C – vêm ganhando força e virando moda. O mercado, que nunca deixa uma oportunidade passar, aproveita esse momento de mudança do modo de vida para promover um marketing verde à base de selos de sustentabilidade.
Ultimamente, percebe-se que novas tendências fashionistas voltadas às causa de preservação possuem, em muitos casos, um laço bem firme com uma sociedade elitizada, desenvolvendo design e tecnologia caros. Enquanto isso, a outra parte da sociedade – aquela que é incentivada a consumir – colabora como pode para ajudar a preservar o meio ambiente, mesmo que esteja em um contexto onde não existem ou são precárias as medidas fundamentais para preservação como, por exemplo, o saneamento básico.
Nos municípios da Região dos Lagos, o modismo comercial que envolve o “ecologicamente correto” não é tão evidente, porém questões que envolvem a saúde pública, como a destinação e o tratamento correto do esgoto das residências despontam entre os problemas.
Faz quase três anos que a primeira audiência pública sobre o Plano Municipal de Saneamento Básico de Anita Garibaldi foi feita. De lá para cá, obras nessa área foram realizadas, porém o município não conta com uma rede de esgoto eficiente ou uma estação de tratamento que beneficie pelo menos uma parte da população. “O Plano Municipal está pronto e a secretaria de obras tem feito melhorias na área de saneamento no decorrer dos trabalhos que realiza pela cidade, porém não recebemos nenhum tipo de auxílio do governo federal ou estadual para esses fins”, disse Leonete Teles, responsável pela secretária de planejamento anitense. Enquanto isso, a administração procura por fontes de recursos, como acontece também em Celso Ramos, Cerro Negro e Capão Alto, os quais aguardam a liberação de milhões de reais em verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Os capão-altenses, entretanto, estão na frente, pois já contam com uma rede de captação.
Os problemas causados pela destinação incorreta dos efluentes domésticos são diversos. Insetos atraídos pela água e mau cheiro podem até ser de pouca importância quando ficam do lado de fora das casas. Geralmente, quando se fala de esgoto a céu aberto, imagina-se esse problema em ruas esquecidas de bairros subalternos onde a renda familiar é menor, mas é aí que muitos se enganam. Casas no centro de Anita Garibaldi também sofrem com essas questões.
Ivone Aparecida de Oliveira, moradora da Rua Joaquim Varela, no centro da cidade, conta das surpresas desagradáveis que já teve ao chegar em casa em dias de chuva e deparar-se com o esgoto da cozinha e dos banheiros voltando. Nos fundos de terreno onde fica a residência dela, passa o maior córrego do perímetro urbano municipal, o Lajeado dos Antunes, que pode ser considerado uma espécie de rede de captação de esgoto improvisada, como acontece com a maioria dos córregos que cortam alguns municípios da região. “Durante as últimas grandes enchentes aqui em Anita, a água subia pelos canos e trazia sujeira para dentro de casa. Há uns dois meses, quando ocorreram umas chuvas fortes, poderia ter acontecido a mesma coisa se não fosse pelas válvulas de segurança que instalamos na tubulação e que impedem a entrada de água, mas deixam a saída liberada”, conta Ivone, revelando os investimentos que ela e os vizinhos fizeram para tentar contornar a situação complicada pela qual passavam.
Deixar o esgoto escorrer para rios e córregos é uma maneira prática para se livrar dele, porém, as consequências não são nada fáceis de enfrentar. Planejamento urbano e saúde pública podem andar juntos para aliviar a tensão que envolve assuntos referentes ao saneamento básico. Investimentos são necessários em todos os municípios da Região dos Lagos – assim como Brasil a dentro – por isso ficar atento às oportunidades é essencial para ajudar a sanar problemas ambientais, para então, finalmente, deixar de lado medidas minimalistas.
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