O mês de outubro, dedicado a prevenção do câncer de mama, chama a atenção para a doença em humanos, mas os animais também são acometidos pela doença. As cadelas e gatas tem um alto índice registrado de câncer de mama e para falar sobre o assunto, convidamos a médica veterinária Mariana Schmitz, proprietária da Animale Pet Center, para falar um pouco sobre o assunto, afinal, os pets estão cada vez mais presentes nas famílias e todo cuidado é necessário para evitar doenças como o câncer.

Correio dos Lagos - O câncer também é um fator de risco para os animais?

Mariana Schmitz - Assim como nos humanos, os animais também podem ser acometidos por diversos tipos de câncer. Dentre os mais variados tipos desta doença, o câncer de mama é um dos mais recorrentes em cadelas e gatas.

Correio dos Lagos - Quais as causas de câncer de mama em pets?

Mariana - As injeções contraceptivas e a má alimentação ou alimentação desequilibrada estão entre os principais fatores que podem desencadear o câncer de mama nos pets.

Uma única aplicação das chamadas "injeções anti-cio" possui um potencial carcinogênico elevado para as fêmeas. Contudo a patologia se manifesta, geralmente, entre o final da idade adulta e início da idade idosa.

Correio dos Lagos - Como prevenir?

Mariana - O principal tipo de neoplasia mamária que acomete os pets (cadelas e gatas) é o câncer hormônio dependente, o qual tem relação com alguns hormônios produzidos pelo próprio corpo do animal. Os estrógenos, por exemplo, são alguns dos hormônios capazes de "ativar" a célula cancerígena, dando origem a doença no animal. Contudo, um dos métodos mais eficazes na prevenção ao câncer de mama em pets é a castração imediatamente antes do primeiro cio ou entre o primeiro ou segundo cio, uma vez que realizada, com a retirada total do aparelho reprodutivo da fêmea, a produção desses hormônios pelo corpo cai de forma significativa. Além disso, visitas regulares ao veterinário e uma alimentação de qualidade são fatores importantes na prevenção à doença.

Correio dos Lagos - Como diagnosticar?

Mariana - O diagnóstico pode ser realizado através de exame físico, onde o médico veterinário irá realizar palpação das mamas do animal, a fim de identificar algum nódulo. Após a confirmação de existência de um nódulo, é realizada uma biopsia e enviado o material para exame histopatológico, além disso, são muito importantes exames sanguíneos para avaliação geral da saúde do animal.

Importante também destacar, que o cuidado em casa é um fator indispensável, onde o tutor fazendo palpações periódicas pode estar identificando algum "caroço" ainda em fase inicial facilitando assim o tratamento do animal.

Correio dos Lagos - Castração é uma forma de prevenção?

Mariana - Sim, conforme comentado anteriormente, a castração realizada no início da fase reprodutiva do animal, reduz significativamente as chances de desenvolvimento do principal tipo de câncer de mama que acomete estes animais.

Correio dos Lagos - Como é o tratamento?

Mariana - A principal forma de tratamento é cirúrgica, onde é realizada a mastectomia (retirada das mamas). O caso será analisado pelo médico veterinário, o qual poderá indicar o tratamento quimioterápico adjuvante a cirurgia, caso necessário.

O tratamento depende do estágio em que se encontra a doença e da idade do animal.

Em casos que a doença seja inoperável, o tratamento é realizado de forma paliativa, para diminuição da dor do animal e qualidade de vida do mesmo.

Correio dos Lagos - Qual a porcentagem de animais acometidos pela doença?

Mariana - Segundo SOUZA, et al. 2019, a incidência de tumor mamário em cadelas é de 45%.

Já em gatas, segundo a Assessoria de Comunicação do CFMV, 2020, a taxa de acometimento de câncer de mama fica entre 20 e 30%.

Portanto, podemos destacar que o câncer de mama acomete mais as cadelas do que as gatas.

Destacamos ainda que os machos também podem ser acometidos pela doença, porém os casos são raros.