Liberdade sexual: o que isso significa?
No novo milênio nos deparamos com uma transformação dos valores em nome da modernidade. Entretanto crianças e adolescentes se veem perdidos no meio de tantas informações e estímulos à sexualidade. A ausência de orientações em linguagem acolhedora e clara os deixa à mercê da valorização do prazer corporal em detrimento da afetividade.
Na verdade, não há a liberdade de escolha, mas um domínio de novos valores estimulados pela mídia, com domínio de culto e consumo do corpo, sem a preocupação com acesso às orientações necessárias para o exercício saudável da sexualidade. Nas novelas e seriados os envolvimentos sexuais e suas implicações sempre acabam bem. Não há exposição das dificuldades encontradas. Isso contribui para a falta de entendimento dessas ocorrências na realidade, como o afastamento dos estudos pelas novas responsabilidades, no caso da gravidez, ou mesmo pelo acometimento dessa população pelas doenças sexualmente transmissíveis, como a aids.
Encontramos também o estímulo à bebida alcoólica liberada para o sexo feminino nos bailes e baladas, nos quais o uso dessas drogas tem efeitos de risco no exercício da sexualidade saudável e responsável.
Deficiência na formação – As políticas públicas oferecem campanhas com objetivo de informal a população para os cuidados com saúde sexual e reprodutiva, especialmente na luta contra a aids . Contudo elas não alcançam seus objetivos, pois acreditamos que não basta somente informar, mas precisamos de novos caminhos para sensibilizar as crianças e os adolescentes para a questão da sexualidade com responsabilidade.
A família em transformação, em seus diversos e novos modelos, submergiu ao seu papel psicossocial fundamental de escolher e educar seus filhos. Isso se dá por conta das necessidades econômicas, assim como estarmos vivendo a reestruturação de papéis de gênero, muitas vezes numa competição inconsciente que dificulta o diálogo entre seus membros.
A evolução trouxe novos canais de diálogo e comunicação, disputando e às vezes obstruindo o diálogo entre os familiares e como consequência, o isolamento, dos adolescente que absorvem os valores ao seu alcance, facilitados pela mídia (rádio, televisão e internet). Assim, nessa nova sociedade, coube à escola ocupar esse lugar, orientando seus alunos para a vida nessa realidade.
Desafio da escola – Na escola, apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a educação para a saúde fica restrita às aulas de Ciências, aos aparelhos do corpo humano e à fixação de nomes como se o corpo fosse compartimentado, sem atenção para a inclusão da afetividade e para o estímulo da autoestima do aluno.
Seria interessante que essa proposta realizada em grupos formados na escola com encontros continuados e desempenhados por psicólogo com perfil para essa atividade. Isso requer habilidade de construir pontes entre a sensibilização, a afetividade e os objetivos que pretende alcançar no contexto da educação sexual, abrindo espaço para que cada experiência seja vivenciada, discutida e para a socialização dos sentimentos de cada participante.
As temáticas seriam encadeadas com as vivências das técnicas de dinâmica de grupo planejada para cada etapa, voltadas para os graus de sensibilização a serem alcançados e correspondentes ao autoestima, nos projetos de vista e aos informes sobre as questões que envolvem a saúde sexual e reprodutiva. E, também, associadas aos valores que se quer construir em conjunto, como a ética, o respeito e o cuidado com o próprio corpo e com os outros, assim como o meio ambiente.
Jornal Mundo Jovem. Liberdade sexual: o que isso significa? Porto Alegre, março de 2013.
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