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O INVENTÁRIO DO MUNDO

João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com

Referência:

TEIXEIRA, Duda; CAVAÇANA, Juliana Ferreira. In: Revista Veja – ed. 2136 – ano 42 – n. 43 – 28 de outubro de 2009 – pp. 142/l43

 

João Maria da Silva.
Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com

Os astrônomos do Observatório Europeu Meridional, baseado no Chile, divulgaram a descoberta de 32 planetas fora do sistema solar. O anúncio eleva o número de astros identificados para 400. Quinze anos atrás, nem sequer havia comprovação científica e existência de planetas no espaço exterior. O avanço da astrologia é exemplo da rapidez com que evolui o nosso conhecimento do mundo natural. Encontrar, nomear e classificar cada ser e objeto à nossa volta é a mais básica tarefa da ciência. Ao inventariar o mundo e o universo, o homem satisfaz a curiosidade, amplia sua capacidade de atuar e reduz as chances de que algo desconhecido o ameace. "Todos os seres humanos, pela sua natureza, desejam saber", escreveu o filósofo Aristóteles, quase 400 anos antes de Cristo.

A aceleração das descobertas nos permite estimar, com licença à imaginação, quando a catalogação estará terminada em alguns temas. Veja, como exemplo, o inventário dos seres vivos. Há pouco tempo, o Centro de Estudos de Recursos Biológicos Australiano publicou a segunda edição do relatório "Números de espécies vivas na Austrália e no mundo". Entre insetos, mamíferos, algas e outros seres vivos, já foi coletado 1,9 milhão de espécies. Como o prognóstico é que o total seja de 11 milhões, se for mantido o ritmo de identificação de espécies alcançado entre 2006 e 2008, o trabalho estará completo em alguns séculos. Em outro casos, a missão é impossível. O universo existe há l3,5 bilhões de anos, e o Homo sapiens, há apenas 200 000 anos. O tempo necessário para encontrar todos os planetas e estrelas está além das dimensões humanas. Mas não devemos desanimar. "Quando enxergarmos com precisão os confins do universo, teremos de inventar uma nova física para entender o que o que estará diante de nossos olhos", diz o astrônomo Walter Junqueira Maciel, da Universidade de São Paulo. O limite da catalogação está há anos-luz de ser o fim da ciência.

 

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