Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
O MELHOR ESTÁ POR VIR
João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com
As ideias que veremos a seguir são da venezuelana Carlota Pérez, economista da Universidade de Cambridge – Inglaterra – maio de 2009 – (Revista Veja – pp. 15/19. Seu livro
Revoluções Tecnológicas e Capital Financeiro, 2002, adquiriu dimensão de clássico ao colocar o atual momento econômico no contexto das grandes reviravoltas no campo da técnica que ocorrem a cada cinquenta anos, em média. Para Carlota, estamos em plena era da informação, iniciada em 1971 com a produção em série dos chips de computador e sua quase universalização nas três décadas subsequentes, que ela chama de "fase de instalação". Na etapa seguinte, que o mundo começa a viver em breve e pode durar de vinte a trinta anos, as novas tecnologias vão, enfim, produzir o grande salto na qualidade de vida da maioria da população mundial. A esse período Carlota dá o nome de "fase de desdobramento". A crise atual seria para ela, apenas uma transposição dolorosa entre essas duas fases.
João Maria da Silva.
Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com
Depois da recessão virá um período de bonança, com o capital produtivo dirigindo os investimentos.
A economia de mercado é naturalmente instável. Quando está no auge, peca pelos excessos; quando está em baixa autocorrige-se. No entanto, esta crise, em conjunto com o estouro da bolha da Internet em 2000, é de natureza distinta. Estamos presenciando hoje um colapso de envergadura muito maior que a usual. O atual fenômeno equivale ao pânico provocado pelos investimentos em massa nas estradas de ferro, em meados do século XIX, na Inglaterra, ou à quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Colapso como esses só ocorreram a cada meio século, no meio do caminho de grandes revoluções tecnológicas.
Provavelmente depois da crise virá um período de bonança, em que o estado voltará a ser um ator mais presente na economia e o capital produtivo vai direcionar os investimentos, tomando o lugar do capital financeiro, como até pouco tempo atrás. Antes de chegar a essa fase, é claro, será preciso superar a recessão que sempre sucede aos desastres.
Os lucros fáceis com especulação devem ser contidos com impostos mais altos. Deve-se deixar para trás a máxima "Não trabalhe por dinheiro, deixe que o dinheiro trabalhe por você". Será preciso criar mais e melhores empregos que produzam e distribuam a riqueza segundo outro critério: o esforço empreendedor e o trabalho. O mundo financeiro terá de ser reorientado para criar formas de investir no setor produtivo. O essencial é favorecer a expansão e a inovação na produção.
A legitimidade do capitalismo está em fazer da busca pelo enriquecimento individual um benefício para toda a sociedade. Nas bolhas, isso se perde e ocorre uma forte concentração de renda. Os períodos de bonança tendem a inverter esse processo, e por isso mesmo costumam ser chamados de "eras de ouro".
O tamanho da economia e o potencial do mercado interno, a diversificação da indústria a capacidade tecnológica e o fato de muitas empresas brasileiras terem vocação global fazem com que o país se destaque no conjunto latino-americano. O Brasil reúne todas as condições necessárias para ter êxito em muitas frentes. Para aproveitar todo esse potencial, o país precisa ainda ampliar suas já extraordinárias conquistas obtidas nos setores de petróleo, química, metalurgia, agropecuária e biotecnologia.
Deixe seu comentário