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ALCOOLISMO

João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com

As atenções dos especialistas no tratamento do alcoolismo agora se voltam para os bebedores de risco, aquelas pessoas que ainda não são alcoólatra, mas que ameaçam virar dependentes.

No Brasil, quase 70 milhões de homens e mulheres bebem. Incluem-se aí desde as pessoas que tomam uma única dose de álcool ao longo de um ano até os dependentes pesados, que não vivem sem a bebida. Entre esses dois extremos, existe um grupo que, até pouco tempo atrás, não aparecia nas estatísticas nem nas preocupações médicas: os bebedores de risco. É grande a possibilidade de você, leitor, ser um deles. Estima-se que os bebedores de risco somem 30 milhões de brasileiros. Aparentemente, são pessoas que mantém uma relação tranquila com a bebida. Vez por outra, cometem alguns deslizes, mas nada que desperte muita atenção ou faça soar o alarme de que um hábito agradável começa a degenerar em vício. Pergunte a um bebedor de risco como é a sua relação com o álcool e ele certamente dirá que bebe apenas socialmente. Mas o limite que separa esse tipo de bebedor do abismo é muito tênue. Metade deles já está à beira do alcoolismo. Os bebedores só não ultrapassarão a fronteira entre o abuso e a dependência se operarem mudanças em relação ao ato de beber. Resume a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, do Centro de Informações sobre saúde e Álcool: "Cuidar desses pacientes significa, no fundo, prevenir o aparecimento do alcoólatra".

Essa abordagem é totalmente inovadora no tratamento do alcoolismo. É um extraordinário avanço o reconhecimento de que existe um processo indolor, uma progressão em terreno inofensivo que conduz lentamente ao alcoolismo patológico.

Os bebedores de risco podem passar dias ser tomar um cerveja, uma taça de vinho ou algumas doses de uísque. Mas para eles a bebida tem um significado psicológico muito positivo. Ela lhes dá prazer, mas principalmente maior autoconfiança. Necessária, sim. Mas não imprescindível. Torna-se uma armadilha. São incapazes de divertir-se ou ficar à vontade numa roda sem esvaziar o copo.

Aos alcoólatras recuperados, o primeiro gole é terminantemente proibido. Isso não vale, porém, para os bebedores de risco, porque eles ainda não caíram nas engrenagens cerebrais inescapáveis que produzem o vício. De cada dois bebedores de risco, no entanto, uma precisa de ajuda extra para controlar o consumo de álcool.

O alcoolismo entre as mulheres ainda é pior. Homens e mulheres metabolizam o álcool de forma distinta. O organismo feminino não consegue processar a bebida tão eficientemente quanto o masculino. As doenças decorrentes do alcoolismo matam proporcionalmente duas vezes mais mulheres do que homens alcoólatras. Entre elas, os estragos à saúde provocados pelo vício da bebida costumam aparecer dez anos antes do que eles.

Use sua inteligência ao beber, seja comedido para não estragar sua vida.

 

Referência:

LOPES, Adriana Dias.MAGALHÃES, Naiara. In: Revista Veja – ed. 2129 – ano 42 – n. 36 – 9 de setembro de 2009. pp. 86/93.

João Maria da Silva.

Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com

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