Levada pelas mãos de um cego, mas era um cego que via.

Via minha deficiência de ser sã e não poder conviver com o mundo...

Ah! Eu não sabia viver no mundo dele, mas ele me ensinou a VIVER.

E mesmo que o conduzisse não arriscaria o abismo.

Isso jamais faria.

Eu tive medo.

Medo de carregá-lo em meus braços e jogá-lo ao chão.

Ele não... segurava levemente minha mão, atravessou a rua.

E foi ai que vi que o deficiente era eu,

Por julgar sua capacidade, por chorar por quem não tinha lágrimas se possuía

olhos e apenas com a visão do coração me conduziu para o universo da luz.

Aquela que eu não percebia.

Mas afinal. Quem é você?

Com tanta eficiência,

capaz de me fazer cego para poder enxergar a vida no espaço da pessoa humana?

Dotada de qualidades individuais, e formada pela igualdade e capacidade?

E que só depende disso para superar a diferença?

Ah! Eu estava lá.

Presa no olhar de quem enxergava mais do que eu, gente que até então era do sorriso torto, gente de carinho morto apenas porque meus olhos estavam embaçados pela

neblina do preconceito e não sabia que eras capaz de poder estar perto de alguém assim, sentar naquela cadeira que não mais me retorcia assim, mas me conduzistes,

ao mundo da inclusão necessária para completar a humanidade sem deficiência,

mas uma humanidade de especiais assim.